O primeiro-ministro do Haiti, Jean-Max Bellerive, estimou em mais de 100 mil os mortos do sismo que abalou o seu país na terça-feira. Na Sky News, um senador haitiano chega mesmo ao número de meio milhão de mortos. A comunidade internacional mobiliza-se para prestar apoio ao país das Caraíbas.
"É difícil avaliar com precisão o número de vítimas. Quantas construções, quantos edifícios foram derrubadas. Com os habitantes no interior penso que o número de mortos se aproxime dos 100 mil", afirmou o responsável pelo governo do país mais pobre do Mundo.
TELEFONES SOS
Números de telefone do Gabinete de Emergência Consular do Ministério dos Negócios Estrangeiros para quem pretender obter informações sobre familiares ou amigos que se encontrem no Haiti
<쌤⢵> 707 202 000 쌤⢵> 707 202 000 ou 961 706 472"Espero que não se confirme e que as pessoas tenham tido tempo de sair de suas casas" diz Jean-Max Bellerive, que teme que a hora em que se produziu o sismo de grau 7 na escala de Richter - 17h00 locais (22h00 GMT) - tenha contribuído para um número elevado de vítimas.
"Mas tantos, tantos edifícios, tantos quarteirões foram totalmente destruídos, havendo quarteirões onde não se vê ninguém, que não sei onde possam estar todas essas pessoas", lamentava-se o primeiro-ministro de um país que viu inclusive o Palácio de Governo abater parcialmente.
O Presidente da República, René Préval, já tinha anunciado na manhã desta quarta-feira a possibilidade de o balanço das vítimas mortais ser elevado.
"O Parlamento ruiu, os hospitais colapsaram. Muitas escolas estão repletas de cadáveres", afirmava o presidente, que aproveitou a ocasião para apelar à comunidade internacional que ajude o seu país.
Ajuda internacional necessária à recuperação do paísO Governo do Haiti lançou um pedido internacional de ajuda ao país. A ONU juntou-se a esse pedido de ajuda e lançou por seu lado um apelo internacional de ajuda ao Haiti.
O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, já declarou que o sismo que devastou o Haiti exigia um grande esforço de socorro e anunciou a sua deslocação para Port-au-Prince, para acompanhar pessoalmente os trabalhos dos soldados das Nações Unidas nas operações de resgate. As Nações Unidas disponibilizaram cerca de 10 milhões de dólares (quase 7 milhões de euros) dos seus fundos de emergência.
Os Estados Unidos, através da voz do seu presidente Barack Obama, já prometeram uma intervenção humanitária "rápida coordenada e enérgica" para salvar vidas e comprometeram-se a enviar ajuda nas próximas horas.
A União Europeia, sob a presidência da Espanha, prepara também a ajuda a prestar àquele país das Caraíbas. A Comissão Europeia anunciou o envio de uma ajuda imediata de 3 milhões de euros e de um especialista para avaliar as necessidades das populações.
Portugal já se disponibilizou para, em coordenação com Espanha, e dentro das possibilidades do país, a enviar apoio. As autoridades portuguesas decidem actualmente que tipo de apoio vão enviar.
Outros países como a Inglaterra, França, México, Venezuela, China ou Taiwan já anunciaram o envio de meios que possibilitem uma ajuda, o mais rápidamente possível face ao cenário de devastação que as imagens que chegam do Haiti vão mostrando.
Cenário de guerra em Port-au-PrinceO potente sismo foi seguido de uma trintena das chamadas réplicas, chegando uma delas a atingir os 5.9º na escala de Richter. O sismo durou, de acordo com um jornalista da France Presse, que se encontrava no local, cerca de um minuto. Veículos que circulavam nas ruas da capital saltaram, tal foi a potência do abanão.
As ruas dae Port-au-Prince, uma cidade de dois milhões de habitantes, ficou de repente coberta de pó, qual nevoeiro intransponível. Corpos sem vida juncavam as artérias da cidade agonizante. Numerosos edifícios públicos abateram-se como castelos de cartas.
A agravar o drama neste país que é o mais pobre da América, as comunicações calaram-se deixando o território isolado do exterior. Apenas algumas se mantiveram em acção. O aeroporto foi fechado mas posto operacional por volta das 14h30 GMT, de acordo com responsáveis da ONU.
Nestas situações de calamidade, com um cenário definido como cenário de guerra, tal é a destruição, as organizações não governamentais assumem um papel fundamental. Os "Médicos sem Fronteiras" acolheram, apesar de tudo e contra tudo, mais de 600 feridos nas suas instalações. Um hospital de campanha com cem camas deverá ser montado brevemente.
O sismo teve forte impacto na ilha de Santo Domingo, território partilhado pelo Haiti e República Dominicana, fazendo ruir vários edifícios públicos, incluindo o Palácio Nacional que acolhe a presidência do Haiti.
Segundo o Instituto Geológico dos Estados Unidos o epicentro do sismo registou-se às 16h53 horas locais, 21h53 horas em Lisboa, a cerca de 15 quilómetros a oeste de Port-au-Prince e a cerca de dez quilómetros de profundidade, tendo sido sentidas mais de três dezenas de réplicas de menor intensidade, com magnitude entre quatro e seis na escala de Richter.