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General: Sismo no Haiti
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De: ZÉMANEL  (Mensaje original) Enviado: 18/01/2010 18:05
Sismo no Haiti

Ban Ki-monn pede calma aos haitianos

O secretário-geral da ONU diz que se está perante a "maior crise humanitária das últimas décadas" e teme que a violência dificulte a missão de apoio.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse no domingo, durante uma visita ao Haiti, que os haitianos não estão sozinhos no drama que vivem e prometeu acelerar o ritmo das operações de salvamento e fornecimento de ajuda para as vítimas do sismo.

"Estou aqui para vos dizer que estou convosco. Não estais sós", disse Ban Ki-moon numa conferência de imprensa, depois de ter sobrevoado a região da capital haitiana transformada em ruínas pelo sismo da passada terça-feira.

Ban referiu também que o sismo no Haiti "é a mais grave crise humanitária das últimas décadas", pelo que pede "calma" ao povo haitiano. Isto porque o desespero tem levado a muitos actos de violência e essa insegurança dificulta ainda mais a missão humanitária.

 

'Enviada

Um portão decrépito, de aspecto frágil, separa a República Dominicana do Haiti. Está aberto de par em par mas com soldados dominicanos de olhos postos em todos os que se aproximam, de um lado e do outro da fronteira. Um deles, de máscara cirúrgica na cara e metralhadora nas mãos, olha-me fixamente quando o carro em que sigo pára, ao seu sinal. "Bom dia", começo eu. "Podemos passar?", atira logo Francisco, o motorista dominicano que havia prometido levar-me de Santo Domingo a Port-au-Prince e que não é de grandes conversas. O militar fita-nos em silêncio durante uns segundos, que parecem uma eternidade, para depois dizer, num tom contrariado: "Avancem, avancem..."

Avançamos, pois. E poucos metros depois já estamos a atravessar outro portão escancarado - aquele que deveria ser guardado por polícias haitianos, com fama de serem bastante zelosos, pedindo vistos de entrada e de saída. Mas já não há ninguém de guarda a este país, arrasado por um dos mais violentos tremores de terra de que há memória.

Nos primeiros quilómetros em território haitiano, a paisagem é estranhamente bela. A estrada, de gravilha branca, debrua as margens de um gigantesco lago azul-turquesa. Há palmeiras a banharem-se nas águas e o horizonte é recortado por montanhas negras e imponentes.

à minha frente seguem dezenas de camiões e carrinhas de transporte de carga, levando comida, água e geradores eléctricos para a capital, onde todos os bens essenciais escasseiam. No sentido contrário passam algumas mulheres a pé, carregando pesados fardos na cabeça, e motorizadas em delicado equilíbrio, aguentando o peso de dois ou três passageiros e as suas malas de viagem. Vêem-se também carrinhas de caixa aberta, levando gente amontoada, enrolada em cobertores, apesar do calor que faz estalar a pele. São feridos graves - e tentam encontrar no hospital de campanha montado junto à fronteira dominicana a assistência médica que tardam em receber no Haiti.

Só ao chegar aos arredores da capital do Haiti, Port-au-Prince, começam a ser visíveis os estragos provocados pelo terramoto da passada terça-feira. As zonas mais próximas da fronteira escaparam à fúria da natureza e os seus habitantes debruam a estrada, observando a coluna de camiões de ajuda humanitária que passa, em direcção à capital, e tentam vender aos estrangeiros o pouco que têm: papaias e bananas verdes.

à entrada da cidade, uma bandeira esvoaça a meia haste, no complexo das Nações Unidas. Ao lado, uma estação de gasolina mal se vê, tal é o amontoado de gente e de carros em redor das bombas, tentando assegurar a compra de alguns litros de combustível. Um pouco mais à frente, nos arredores do aeroporto, há centenas de tendas improvisadas com pedaços de plástico e de pano, um formigueiro de gente desesperada. É apenas um dos muitos campos de refugiados que nasceram nos espaços abertos da cidade, abrigando os milhões que ficaram sem casa.

No centro, um cheiro nauseabundo obriga todos a caminhar de cara tapada. Quem não tem máscara usa lenços, camisolas, toalhas enroladas na cabeça. Ainda existirão milhares de vítimas soterradas debaixo dos escombros. Já não se vêem corpos amontoados pelas ruas, como nos últimos dias. Setenta mil já foram sepultados em valas comuns, outros foram queimados nas ruas pela população. Há restos dessas fogueiras, ainda fumegantes, em várias zonas da cidade.

As principais artérias da zona comercial de Port-au-Prince parecem ter sido bombardeadas. Não há um único edifício de pé. A maioria das ruas está intransitável, bloqueada pelas ruínas. Mas centenas de pessoas procuram agora, no meio destes escombros, alguma coisa que lhes mate a fome. Três supermercados, a poucos metros uns dos outros, são pilhados por uma turba de homens. Gritam, correm de um lado para o outro com os bens que retiram dos edifícios esventrados. Lutam pelo que conseguem agarrar, armados com o que têm ao seu dispor: alguns empunham catanas, outros têm martelos, tesouras ou espetos de metal.

Depois da violência do terramoto, a violência dos homens ameaça tornar ainda mais caótica a vida nesta cidade onde tudo falta - até a paz.

'Enviada

Um portão decrépito, de aspecto frágil, separa a República Dominicana do Haiti. Está aberto de par em par mas com soldados dominicanos de olhos postos em todos os que se aproximam, de um lado e do outro da fronteira. Um deles, de máscara cirúrgica na cara e metralhadora nas mãos, olha-me fixamente quando o carro em que sigo pára, ao seu sinal. "Bom dia", começo eu. "Podemos passar?", atira logo Francisco, o motorista dominicano que havia prometido levar-me de Santo Domingo a Port-au-Prince e que não é de grandes conversas. O militar fita-nos em silêncio durante uns segundos, que parecem uma eternidade, para depois dizer, num tom contrariado: "Avancem, avancem..."

Avançamos, pois. E poucos metros depois já estamos a atravessar outro portão escancarado - aquele que deveria ser guardado por polícias haitianos, com fama de serem bastante zelosos, pedindo vistos de entrada e de saída. Mas já não há ninguém de guarda a este país, arrasado por um dos mais violentos tremores de terra de que há memória.

Nos primeiros quilómetros em território haitiano, a paisagem é estranhamente bela. A estrada, de gravilha branca, debrua as margens de um gigantesco lago azul-turquesa. Há palmeiras a banharem-se nas águas e o horizonte é recortado por montanhas negras e imponentes.

à minha frente seguem dezenas de camiões e carrinhas de transporte de carga, levando comida, água e geradores eléctricos para a capital, onde todos os bens essenciais escasseiam. No sentido contrário passam algumas mulheres a pé, carregando pesados fardos na cabeça, e motorizadas em delicado equilíbrio, aguentando o peso de dois ou três passageiros e as suas malas de viagem. Vêem-se também carrinhas de caixa aberta, levando gente amontoada, enrolada em cobertores, apesar do calor que faz estalar a pele. São feridos graves - e tentam encontrar no hospital de campanha montado junto à fronteira dominicana a assistência médica que tardam em receber no Haiti.

Só ao chegar aos arredores da capital do Haiti, Port-au-Prince, começam a ser visíveis os estragos provocados pelo terramoto da passada terça-feira. As zonas mais próximas da fronteira escaparam à fúria da natureza e os seus habitantes debruam a estrada, observando a coluna de camiões de ajuda humanitária que passa, em direcção à capital, e tentam vender aos estrangeiros o pouco que têm: papaias e bananas verdes.

à entrada da cidade, uma bandeira esvoaça a meia haste, no complexo das Nações Unidas. Ao lado, uma estação de gasolina mal se vê, tal é o amontoado de gente e de carros em redor das bombas, tentando assegurar a compra de alguns litros de combustível. Um pouco mais à frente, nos arredores do aeroporto, há centenas de tendas improvisadas com pedaços de plástico e de pano, um formigueiro de gente desesperada. É apenas um dos muitos campos de refugiados que nasceram nos espaços abertos da cidade, abrigando os milhões que ficaram sem casa.

No centro, um cheiro nauseabundo obriga todos a caminhar de cara tapada. Quem não tem máscara usa lenços, camisolas, toalhas enroladas na cabeça. Ainda existirão milhares de vítimas soterradas debaixo dos escombros. Já não se vêem corpos amontoados pelas ruas, como nos últimos dias. Setenta mil já foram sepultados em valas comuns, outros foram queimados nas ruas pela população. Há restos dessas fogueiras, ainda fumegantes, em várias zonas da cidade.

As principais artérias da zona comercial de Port-au-Prince parecem ter sido bombardeadas. Não há um único edifício de pé. A maioria das ruas está intransitável, bloqueada pelas ruínas. Mas centenas de pessoas procuram agora, no meio destes escombros, alguma coisa que lhes mate a fome. Três supermercados, a poucos metros uns dos outros, são pilhados por uma turba de homens. Gritam, correm de um lado para o outro com os bens que retiram dos edifícios esventrados. Lutam pelo que conseguem agarrar, armados com o que têm ao seu dispor: alguns empunham catanas, outros têm martelos, tesouras ou espetos de metal.

Depois da violência do terramoto, a violência dos homens ameaça tornar ainda mais caótica a vida nesta cidade onde tudo falta - até a paz.

Patrícia Fonseca, enviada especial da VISãO ao Haiti
15:08 Segunda-feira, 18 de Jan de 2010
'Enviada

Um portão decrépito, de aspecto frágil, separa a República Dominicana do Haiti. Está aberto de par em par mas com soldados dominicanos de olhos postos em todos os que se aproximam, de um lado e do outro da fronteira. Um deles, de máscara cirúrgica na cara e metralhadora nas mãos, olha-me fixamente quando o carro em que sigo pára, ao seu sinal. "Bom dia", começo eu. "Podemos passar?", atira logo Francisco, o motorista dominicano que havia prometido levar-me de Santo Domingo a Port-au-Prince e que não é de grandes conversas. O militar fita-nos em silêncio durante uns segundos, que parecem uma eternidade, para depois dizer, num tom contrariado: "Avancem, avancem..."

Avançamos, pois. E poucos metros depois já estamos a atravessar outro portão escancarado - aquele que deveria ser guardado por polícias haitianos, com fama de serem bastante zelosos, pedindo vistos de entrada e de saída. Mas já não há ninguém de guarda a este país, arrasado por um dos mais violentos tremores de terra de que há memória.

Nos primeiros quilómetros em território haitiano, a paisagem é estranhamente bela. A estrada, de gravilha branca, debrua as margens de um gigantesco lago azul-turquesa. Há palmeiras a banharem-se nas águas e o horizonte é recortado por montanhas negras e imponentes.

à minha frente seguem dezenas de camiões e carrinhas de transporte de carga, levando comida, água e geradores eléctricos para a capital, onde todos os bens essenciais escasseiam. No sentido contrário passam algumas mulheres a pé, carregando pesados fardos na cabeça, e motorizadas em delicado equilíbrio, aguentando o peso de dois ou três passageiros e as suas malas de viagem. Vêem-se também carrinhas de caixa aberta, levando gente amontoada, enrolada em cobertores, apesar do calor que faz estalar a pele. São feridos graves - e tentam encontrar no hospital de campanha montado junto à fronteira dominicana a assistência médica que tardam em receber no Haiti.

Só ao chegar aos arredores da capital do Haiti, Port-au-Prince, começam a ser visíveis os estragos provocados pelo terramoto da passada terça-feira. As zonas mais próximas da fronteira escaparam à fúria da natureza e os seus habitantes debruam a estrada, observando a coluna de camiões de ajuda humanitária que passa, em direcção à capital, e tentam vender aos estrangeiros o pouco que têm: papaias e bananas verdes.

à entrada da cidade, uma bandeira esvoaça a meia haste, no complexo das Nações Unidas. Ao lado, uma estação de gasolina mal se vê, tal é o amontoado de gente e de carros em redor das bombas, tentando assegurar a compra de alguns litros de combustível. Um pouco mais à frente, nos arredores do aeroporto, há centenas de tendas improvisadas com pedaços de plástico e de pano, um formigueiro de gente desesperada. É apenas um dos muitos campos de refugiados que nasceram nos espaços abertos da cidade, abrigando os milhões que ficaram sem casa.

No centro, um cheiro nauseabundo obriga todos a caminhar de cara tapada. Quem não tem máscara usa lenços, camisolas, toalhas enroladas na cabeça. Ainda existirão milhares de vítimas soterradas debaixo dos escombros. Já não se vêem corpos amontoados pelas ruas, como nos últimos dias. Setenta mil já foram sepultados em valas comuns, outros foram queimados nas ruas pela população. Há restos dessas fogueiras, ainda fumegantes, em várias zonas da cidade.

As principais artérias da zona comercial de Port-au-Prince parecem ter sido bombardeadas. Não há um único edifício de pé. A maioria das ruas está intransitável, bloqueada pelas ruínas. Mas centenas de pessoas procuram agora, no meio destes escombros, alguma coisa que lhes mate a fome. Três supermercados, a poucos metros uns dos outros, são pilhados por uma turba de homens. Gritam, correm de um lado para o outro com os bens que retiram dos edifícios esventrados. Lutam pelo que conseguem agarrar, armados com o que têm ao seu dispor: alguns empunham catanas, outros têm martelos, tesouras ou espetos de metal.

Depois da violência do terramoto, a violência dos homens ameaça tornar ainda mais caótica a vida nesta cidade onde tudo falta - até a paz.

 

Patrícia Fonseca, enviada especial da VISãO ao Haiti
15:08 Segunda-feira, 18 de Jan de 2010
'Enviada

Um portão decrépito, de aspecto frágil, separa a República Dominicana do Haiti. Está aberto de par em par mas com soldados dominicanos de olhos postos em todos os que se aproximam, de um lado e do outro da fronteira. Um deles, de máscara cirúrgica na cara e metralhadora nas mãos, olha-me fixamente quando o carro em que sigo pára, ao seu sinal. "Bom dia", começo eu. "Podemos passar?", atira logo Francisco, o motorista dominicano que havia prometido levar-me de Santo Domingo a Port-au-Prince e que não é de grandes conversas. O militar fita-nos em silêncio durante uns segundos, que parecem uma eternidade, para depois dizer, num tom contrariado: "Avancem, avancem..."

Avançamos, pois. E poucos metros depois já estamos a atravessar outro portão escancarado - aquele que deveria ser guardado por polícias haitianos, com fama de serem bastante zelosos, pedindo vistos de entrada e de saída. Mas já não há ninguém de guarda a este país, arrasado por um dos mais violentos tremores de terra de que há memória.

Nos primeiros quilómetros em território haitiano, a paisagem é estranhamente bela. A estrada, de gravilha branca, debrua as margens de um gigantesco lago azul-turquesa. Há palmeiras a banharem-se nas águas e o horizonte é recortado por montanhas negras e imponentes.

à minha frente seguem dezenas de camiões e carrinhas de transporte de carga, levando comida, água e geradores eléctricos para a capital, onde todos os bens essenciais escasseiam. No sentido contrário passam algumas mulheres a pé, carregando pesados fardos na cabeça, e motorizadas em delicado equilíbrio, aguentando o peso de dois ou três passageiros e as suas malas de viagem. Vêem-se também carrinhas de caixa aberta, levando gente amontoada, enrolada em cobertores, apesar do calor que faz estalar a pele. São feridos graves - e tentam encontrar no hospital de campanha montado junto à fronteira dominicana a assistência médica que tardam em receber no Haiti.

Só ao chegar aos arredores da capital do Haiti, Port-au-Prince, começam a ser visíveis os estragos provocados pelo terramoto da passada terça-feira. As zonas mais próximas da fronteira escaparam à fúria da natureza e os seus habitantes debruam a estrada, observando a coluna de camiões de ajuda humanitária que passa, em direcção à capital, e tentam vender aos estrangeiros o pouco que têm: papaias e bananas verdes.

à entrada da cidade, uma bandeira esvoaça a meia haste, no complexo das Nações Unidas. Ao lado, uma estação de gasolina mal se vê, tal é o amontoado de gente e de carros em redor das bombas, tentando assegurar a compra de alguns litros de combustível. Um pouco mais à frente, nos arredores do aeroporto, há centenas de tendas improvisadas com pedaços de plástico e de pano, um formigueiro de gente desesperada. É apenas um dos muitos campos de refugiados que nasceram nos espaços abertos da cidade, abrigando os milhões que ficaram sem casa.

No centro, um cheiro nauseabundo obriga todos a caminhar de cara tapada. Quem não tem máscara usa lenços, camisolas, toalhas enroladas na cabeça. Ainda existirão milhares de vítimas soterradas debaixo dos escombros. Já não se vêem corpos amontoados pelas ruas, como nos últimos dias. Setenta mil já foram sepultados em valas comuns, outros foram queimados nas ruas pela população. Há restos dessas fogueiras, ainda fumegantes, em várias zonas da cidade.

As principais artérias da zona comercial de Port-au-Prince parecem ter sido bombardeadas. Não há um único edifício de pé. A maioria das ruas está intransitável, bloqueada pelas ruínas. Mas centenas de pessoas procuram agora, no meio destes escombros, alguma coisa que lhes mate a fome. Três supermercados, a poucos metros uns dos outros, são pilhados por uma turba de homens. Gritam, correm de um lado para o outro com os bens que retiram dos edifícios esventrados. Lutam pelo que conseguem agarrar, armados com o que têm ao seu dispor: alguns empunham catanas, outros têm martelos, tesouras ou espetos de metal.

Depois da violência do terramoto, a violência dos homens ameaça tornar ainda mais caótica a vida nesta cidade onde tudo falta - até a paz.

 

Um portão decrépito, de aspecto frágil, separa a República Dominicana do Haiti. Está aberto de par em par mas com soldados dominicanos de olhos postos em todos os que se aproximam, de um lado e do outro da fronteira. Um deles, de máscara cirúrgica na cara e metralhadora nas mãos, olha-me fixamente quando o carro em que sigo pára, ao seu sinal. "Bom dia", começo eu. "Podemos passar?", atira logo Francisco, o motorista dominicano que havia prometido levar-me de Santo Domingo a Port-au-Prince e que não é de grandes conversas. O militar fita-nos em silêncio durante uns segundos, que parecem uma eternidade, para depois dizer, num tom contrariado: "Avancem, avancem..."

Avançamos, pois. E poucos metros depois já estamos a atravessar outro portão escancarado - aquele que deveria ser guardado por polícias haitianos, com fama de serem bastante zelosos, pedindo vistos de entrada e de saída. Mas já não há ninguém de guarda a este país, arrasado por um dos mais violentos tremores de terra de que há memória.

Nos primeiros quilómetros em território haitiano, a paisagem é estranhamente bela. A estrada, de gravilha branca, debrua as margens de um gigantesco lago azul-turquesa. Há palmeiras a banharem-se nas águas e o horizonte é recortado por montanhas negras e imponentes.

à minha frente seguem dezenas de camiões e carrinhas de transporte de carga, levando comida, água e geradores eléctricos para a capital, onde todos os bens essenciais escasseiam. No sentido contrário passam algumas mulheres a pé, carregando pesados fardos na cabeça, e motorizadas em delicado equilíbrio, aguentando o peso de dois ou três passageiros e as suas malas de viagem. Vêem-se também carrinhas de caixa aberta, levando gente amontoada, enrolada em cobertores, apesar do calor que faz estalar a pele. São feridos graves - e tentam encontrar no hospital de campanha montado junto à fronteira dominicana a assistência médica que tardam em receber no Haiti.

Só ao chegar aos arredores da capital do Haiti, Port-au-Prince, começam a ser visíveis os estragos provocados pelo terramoto da passada terça-feira. As zonas mais próximas da fronteira escaparam à fúria da natureza e os seus habitantes debruam a estrada, observando a coluna de camiões de ajuda humanitária que passa, em direcção à capital, e tentam vender aos estrangeiros o pouco que têm: papaias e bananas verdes.

à entrada da cidade, uma bandeira esvoaça a meia haste, no complexo das Nações Unidas. Ao lado, uma estação de gasolina mal se vê, tal é o amontoado de gente e de carros em redor das bombas, tentando assegurar a compra de alguns litros de combustível. Um pouco mais à frente, nos arredores do aeroporto, há centenas de tendas improvisadas com pedaços de plástico e de pano, um formigueiro de gente desesperada. É apenas um dos muitos campos de refugiados que nasceram nos espaços abertos da cidade, abrigando os milhões que ficaram sem casa.

No centro, um cheiro nauseabundo obriga todos a caminhar de cara tapada. Quem não tem máscara usa lenços, camisolas, toalhas enroladas na cabeça. Ainda existirão milhares de vítimas soterradas debaixo dos escombros. Já não se vêem corpos amontoados pelas ruas, como nos últimos dias. Setenta mil já foram sepultados em valas comuns, outros foram queimados nas ruas pela população. Há restos dessas fogueiras, ainda fumegantes, em várias zonas da cidade.

As principais artérias da zona comercial de Port-au-Prince parecem ter sido bombardeadas. Não há um único edifício de pé. A maioria das ruas está intransitável, bloqueada pelas ruínas. Mas centenas de pessoas procuram agora, no meio destes escombros, alguma coisa que lhes mate a fome. Três supermercados, a poucos metros uns dos outros, são pilhados por uma turba de homens. Gritam, correm de um lado para o outro com os bens que retiram dos edifícios esventrados. Lutam pelo que conseguem agarrar, armados com o que têm ao seu dispor: alguns empunham catanas, outros têm martelos, tesouras ou espetos de metal.

Depois da violência do terramoto, a violência dos homens ameaça tornar ainda mais caótica a vida nesta cidade onde tudo falta - até a paz.

 
 


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Respuesta  Mensaje 2 de 3 en el tema 
De: რღ რღ FLOR რღ რღ Enviado: 18/01/2010 20:24

Um porta-voz das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, confirmou esta segunda-feira que mais de 500 funcionários da organização continuam desaparecidos no Haiti. O sismo ocorrido a 12 Janeiro fez 46 mortos confirmados entre os elementos da ONU que se encontravam no país das Caraíbas.

Mais de 500 funcionários da ONU no Haiti permanecem desaparecidos, confirmou um porta-voz da organização em Nova Iorque. Até agora, o número de desaparecidos era de 330, no entanto, uma actualização dos dados dá conta de mais de 500.

O sismo causou 46 mortos entre os funcionários da ONU, mais seis do que o último balanço, segundo a AFP.



Respuesta  Mensaje 3 de 3 en el tema 
De: Lúcia Dias Enviado: 19/01/2010 12:34

 

 

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