Por Gabriela E. Possolli Vesce |
A mobilidade é uma característica importante da libido, entendida como a facilidade de alternação de uma área de atenção para outra. Na área do desejo sexual a libido vincula-se a aspectos psicológicos e emocionais.
Ao estudar o desejo humano o filósofo Santo Agostinho classificou a libido em três categorias distintas: a libido sciendi, desejo de conhecimento, a libido sentiendi, desejo sensual, e a libido dominendi, o desejo de dominar.
A energia relativa aos instintos de agressão ou de morte não possuem uma denominação específica como a libido (instinto da vida). Essa energia supostamente tem os mesmos atributos da libido, porém Freud não chegou a elucidar essa questão.
Ao estudar e definir o conceito de libido Freud também definiu a catexia. Segundo ele a catexia é o processo por meio do qual a energia libidinal contida na psique é relacionada ou aplicada na representação mental de um indivíduo, coisa ou idéia. Uma libido catexizada perde a mobilidade original, não podendo mais se mover em direção a novos objetos, uma vez que torna-se enraizada na parte da psique que a atraiu e a segurou.
Como exemplo da relação entre libido e catexia pode-se dizer que: sendo a libido uma quantidade em dinheiro, a catexia é ato de se investir esse dinheiro. Se uma parcela do dinheiro (libido) foi investida (catexizada) e permaneceu nessa hipotética aplicação, ficando uma quantia menor no montante original para que possa ser investido em outro lugar. Outro exemplo pode ser encontrado nos estudos psicanalíticos sobre o luto ao se interpretar o desinteresse da pessoa enlutada em suas ocupações normais e a grande preocupação com o recente finado. Isso pode ser interpretado como uma retirada de libido dos relacionamentos habituais e uma extrema catexia na pessoa perdida, dessa forma a teoria psicanalítica se dispõe a compreender como a libido foi catexizada de forma inadequada.
Freud defendia que a libido era amadurecia através da troca do objeto ou objetivo, argumentando que os homens são “polimorficamente perversos”, querendo dizer que existe uma enorme variedade de objetos que podem tornar-se uma fonte de prazer. Ao mesmo tempo em que as pessoas se desenvolvem, elas também se fixam em diferentes objetos de acordo com a etapa de desenvolvimento: a etapa oral (prazer dos bebês na lactação); a etapa anal (prazer das crianças no controle da defecação); e a etapa fálica (prazer genital). Na concepção freudiana cada fase é uma progressão visando o amadurecimento sexual, caracterizada por um forte Eu e a capacidade de retardar o desejo por recompensas.