Por Ana Lucia Santana |
A paciente é acometida por uma compulsividade sexual praticamente incontrolável, o que lhe provoca uma grande dor emocional e repercute diretamente em seus relacionamentos afetivos. Mas é de certa forma um exagero pensar que esta mulher quer praticar sexo incessantemente, ela apenas tem dificuldades na satisfação de seus desejos, daí alimentar constantemente a vontade de praticar o ato. Quando essa pessoa tem a consciência de seu problema e tenta disciplinar seus pensamentos e suas fantasias, torna-se deprimida e ansiosa. Torna-se cada vez mais difícil para ela libertar-se destes pensamentos, uma vez que a própria cultura ocidental canoniza o sexo, estimulando ainda mais as compulsões sexuais.
É comum a ninfomaníaca sentir-se desprovida de vontade própria, uma escrava de seus próprios desejos. Geralmente essa sensação vem acompanhada de muita ansiedade antes do ato sexual, de um orgasmo intenso e satisfatório no primeiro momento, seguido de uma culpa profunda. Mas quais as causas desse problema? Ele não deixa de ter raízes nos mesmos fatores que provocam as demais dependências, como a busca de um bálsamo para as feridas da alma, uma compensação para a solidão e para a inadaptação social, um paliativo contra o medo e as expectativas comuns na vida de cada um, as frustrações e tantas outras emoções sombrias. Mas vários pesquisadores compreendem esse transtorno também como uma doença, provocada por mutações no equilíbrio dos neurotransmissores.
No discurso psicanalítico, a ninfomania é conhecida como hipersexualidade, uma cristalização do desenvolvimento sexual na etapa anal, ou seja, no momento da evolução da sexualidade em que as ansiedades deslocam-se para comportamentos repetitivos. De acordo com a causa estabelecida para este transtorno, deve ser prescrito um determinado tipo de tratamento. Principalmente no mundo contemporneo, quando o surgimento da Internet gerou outro tipo de compulsão sexual – o sexo virtual -, que atinge aproximadamente dois milhões de pessoas.
Com dificuldades para enfrentar seus distúrbios de sexualidade e ao mesmo tempo mergulhados em um temor crescente do outro, principalmente por conta da violência cada vez maior nas grandes metrópoles, estes indivíduos optam por passar horas sem fim na frente de um computador, navegando em sites com conteúdo sexual. Estas pessoas procuram, assim, satisfazer seus desejos a cada momento mais fortes, já que a compulsão ao vício é sempre maior, quanto mais elas submergem nos meandros da dependência.
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