“Continuadores” pedem protecção da sociedade
AS crianças moçambicanas apelaram ao Governo e à sociedade em geral que se juntassem a elas na luta que travam contra o HIV/SIDA e todas as formas de violência, especialmente o abuso e tráfico de menores. O pedido foi endereçado ontem, durante as celebrações centrais do 22º aniversário da organização Continuadores de Moçambique, nos arredores da cidade de Maputo. Maputo, Sexta-Feira, 26 de Outubro de 2007:: Notícias
Embora reconheçam que há esforços com vista à melhoria da sua condição, as crianças referiram que muitas perderam os seus pais e familiares devido à pandemia da SIDA e, neste momento, passam diversas dificuldades. Acrescentaram que outras vivem traumatizadas por causa da violência física, emocional e do abuso sexual de que são ou foram vítimas.
Numa cerimónia realizada sob chuviscos e um ligeiro frio, Anaciosa Sitoe, de 14 anos de idade, activista da “Continuadores”, que apresentou a mensagem da pequenada, acrescentou que, fora daquelas, há menores, em número incerto, que foram raptadas, encontrando-se sujeitas a fazerem o que não gostariam, em vez de estudar.
Falando perante a secretária-geral da organização, Beleza Fernandes, a Ministra da Mulher e Acção Social, Virgília Matabele, e centenas de outras crianças, aquela activista salientou: “Apelamos que continuem a apostar em nós para que realmente sejamos os continuadores de Mondlane, de Samora (...) e continuadores de todos os mais velhos e em tudo o que é bom para o desenvolvimento do país.”
Convidadas a pronunciarem-se pela mestre de cerimónias, Percina Nhambule, de 13 anos de idade, as “titias” Beleza e Virgília dirigiram os seus discursos para outros assuntos. Beleza Fernandes aconselhou os menores a estudar para que possam continuar com os feitos dos seus pais e a não iniciarem a actividade sexual antes de atingirem a maturidade, enquanto que Virgília Matabele disse, em forma de canção, que o Governo está preocupado com as crianças. A sua canção aponta também que o trabalho do Executivo encontra-se virado para o crescimento e desenvolvimento das crianças.
O 25 de Outubro é celebrado numa altura em que centenas de crianças são obrigadas a “conduzirem” seus parentes idosos e/ou cegos pelas ruas dos centros urbanos do país, em vez de estudarem, augurando-se um futuro sombrio para elas.