Mirinda, capulana colorida envolvendo o corpo esbelto, solta risadas, cristalinas, abafadas pelo tilintar das pulseiras que, lhe cobrem os pulsos e abre os olhos de espanto, para a m찾o cheia de len챌os que o cantineiro espalha sobre o balc찾o.
Este verde, aquele vermelho, o outro amarelo, mais outro, aquele ainda…
As mãos untadas de “vaseline”, para amaciar as calosidades provocadas pela enxada, dobram e desdobram, com arte, os pedaços de pano que vai colocando na cabeça, em frente ao espelho.
- Linda, Mirinda, está linda, digo-lhe eu. Tu és a mulher mais bonita da Angónia. Como pode o teu marido ter outras mulheres?
Solta-se-lhe o riso e responde, segura de si:
-Menina, eu sou a “ mulher grande”, a primeira. Todas as outras trabalham a machamba, para o celeiro da família. Os meus filhos estão sempre em primeiro lugar, a minha palhota é a maior e é comigo, que ele vem beber e dançar na cantina do branco.
Coloco mais um disco a tocar. Mirinda dan챌a, dan챌am todos e eu também.
Esta é a gente da minha terra. E como eu gosto dela!
Que me importa quantas mulheres tem o Cebola, se a Mirinda lhe sorri, com olhar terno e dança, dança…
Isabel