Maputo, 07 Mai (Lusa) - O director-geral da UNESCO, Koichiro Matsuura, prevê um "futuro sombrio" para a humanidade devido à crescente crise alimentar mundial, que atinge sobretudo África, continente que deverá ser afectado pela redução de programas de distribuição de comida.
"A crescente crise alimentar poderá trazer um futuro sombrio para o desenvolvimento da humanidade nos próximos anos", nomeadamente em África, onde "a falta de alimentos poderá colocar em perigo a capacidade de aprendizagem das crianças pobres", disse o director-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Discursando na Bienal sobre a Educação em África, que decorre desde segunda-feira em Maputo, Matsuura considerou também o HIV/Sida um "fardo complicado" para os sistemas de educação no continente africano.
"Contudo, é através de uma atitude e do conhecimento educacional que se pode restringir esta pandemia", afirmou o director-geral da UNESCO, apelando os líderes políticos a n찾o se esquecerem das suas responsabilidades perante as crian챌as vulneráveis.
"Uma educa챌찾o básica de qualidade para todos deve estar no topo das nossas prioridades apesar das car챗ncias de cada país. Digo isso n찾o porque a educa챌찾o seja o direito humano fundamental, mas por ser vital para alcan챌ar outros objectivos de desenvolvimento", acrescentou.
Nos últimos dias, diversos países, principalmente os mais pobres, t챗m sido afectados pela escalada da crise alimentar e os pre챌os dos bens alimentares praticamente duplicaram, provocando tumultos e manifesta챌천es em vários Estados, incluindo africanos.
O desenvolvimento dos bio-combustíveis, as barreiras comerciais, uma procura crescente com origem na Ásia devido a modificações dos hábitos alimentares, colheitas fracas e o aumento do custo do petróleo são apontados como algumas razões da crise alimentar mundial.
As Na챌천es Unidas criaram uma célula de crise composta por 27 ag챗ncias e organismos da ONU, para delinear um plano contra a crise provocada pelo aumento do pre챌o de produtos alimentares.
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) também anunciou a disponibiliza챌찾o adicional de mil milh천es de dólares (648 milh천es de euros) para enfrentar o problema, sobretudo nos países africanos.
O BAD, que tem programada a próxima assembleia-geral para 12 a 14 de Maio, em Maputo, estima que o défice de alimentos poderá elevar-se a 35,8 milh천es de toneladas e que Burkina Faso, Libéria, República Centro Africana, República Democrática do Congo e até o Egipto dever찾o ser os países mais afectados.
O Governo de Moçambique anunciou segunda-feira a construção de silos, com capacidade de 300 mil toneladas, em zonas de elevado potencial de produção agrícola para garantir a criação de reservas e assim fazer face à crise de alimentos.
MMT.
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