Universitários substituem férias por voluntariado em Maputo
LUÃS NAVES
Cooperação. Experiência original leva estudantes de Economia da Nova até África
Estudantes portugueses ensinam num curso de Ver찾o em Mo챌ambique
Todos os anos, alguns estudantes da Universidade Nova de Lisboa (UNL) abdicam das férias e passam dois meses em Mo챌ambique, a ajudar outros universitários. O projecto terá seguimento este ano. Ao todo, s찾o 16 os jovens (entre 21 e 24 anos, de quatro faculdades) que ir찾o a Maputo participar numa original experi챗ncia que já teve tr챗s edi챌천es. "N찾o me lembro do que fiz há cinco ver천es, mas lembro-me do que fiz nos dois últimos", sintetiza Jo찾o Cotter, que participou por duas vezes. "Aliás, vou lembrar-me toda a vida", acrescenta.
Este estudante de economia participou na iniciativa em 2006 e, no ano passado, era o veterano responsável pela nova miss찾o. N찾o lhe faltaram as peripécias. Aparentemente, a viagem e a estadia estavam combinadas, a partir de Lisboa, mas os contactos falharam e o grupo ficou sem casa durante uma semana, for챌ado a pernoitar numa pousada de juventude. "Foi uma aventura completa", conta Jo찾o Cotter, "mas acabámos por resolver tudo".
O Programa Universitários em Maputo (Pumap) é uma iniciativa da Associação Humanitária para a Educação e Apoio ao Desenvolvimento (AHEAD), ligada à Faculdade de Economia da UNL. A ideia é transformar os estudantes em monitores responsáveis por um curso de Verão na Universidade Eduardo Mondlane, na capital moçambicana. O grupo ensina cadeiras de direito e gestão, mas alguns dos monitores trabalham numa escola primária dos arredores de Maputo, enquanto outros dão cursos de prevenção de HIV/Sida.
Os universitários portugueses trabalham em parceria com a universidade mo챌ambicana e t챗m um or챌amento de 40 mil euros, com fontes de financiamento diversificadas, incluindo empresas. Este ano participam, além das faculdades de economia e de direito da UNL, as de ci챗ncias sociais e de medicina da mesma universidade. Os estudantes levam os seus próprios livros e sebentas, com os mo챌ambicanos a fornecerem algum apoio logístico (por exemplo, fotocópias).
Joana Margarido será uma das participantes deste ano. A estudante quer ensinar Direito Penal Internacional e fala das vantagens do voluntariado para o currículo. Também conta que atrasou o estágio obrigatório do seu curso, para poder participar na jornada africana. "N찾o aceitei o estágio e espero ter outra oportunidade", conta. "Entretanto, vou ganhar experi챗ncia."
Esta é a palavra que os estudante mais utilizam. Os que já foram a Maputo falam da aventura de andar de "chapa" (o transporte público, "desconfortável, mas que chega a todo o lado"), da diferen챌a de culturas, dos amigos que fizeram e daquilo que aprenderam a ensinar. "Ganhamos responsabilidade e as barreiras sociais s찾o facilmente quebradas", diz David Lamelas. E para participarem, como as famílias também ajudam a pagar os custos, muitos falam dos receios dos pais: "A minha m찾e n찾o é a favor [da viagem], apesar de saber que esta vai ser a experi챗ncia da minha vida", sintetiza Joana Margarido.
Mariana Marques será a coordenadora do grupo, este ano. Tal como os restantes estudantes, Mariana tem experi챗ncia de voluntariado. Duas vezes por semana, o grupo dá explica챌천es a alunos do Bairro da Boavista. "Tentamos ser úteis cá", diz Mariana, e alguém acrescenta que alguns desses alunos frequentam aulas, mas mal sabem ler: "Até parece que n찾o os querem, nas escolas que frequentam."
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