Por José Luiz Tejon Megido

Quando sacrificamos felicidade pela competitividade n찾o resistimos ao tempo. Conseguimos 챗xito por algum tempo, mas n찾o conseguimos operar uma vida inteira de forma competitiva.

Seria a competitividade inimiga da felicidade? Por que, sempre associamos as pessoas ''competitivas'' a pessoas que sacrificam a própria felicidade? Será possível ser altamente competitivo sem ser feliz? Vamos pegar o exemplo do seu Ant척nio, um homem simples, de pouca instru챌찾o escolar, vendedor ambulante de peixe na cidade de Santos. O seu Ant척nio é o peixeiro mais antigo da cidade. Dono de uma freguesia, extraordinariamente fiel. Sempre vi o seu Ant척nio vendendo peixe, atendendo as pessoas com prazer, feliz. Seu Ant척nio seleciona os melhores peixes na hora da compra. Preserva-os cuidadosamente no seu carrinho com gelo, movido a pedaladas.

O seu Antônio criou seus filhos, sustentou sua família e tem sido um dos mais competitivos “peixeiros” ambulantes da baixada santista, pelos últimos 50 anos. Poderia o seu Antônio ter sido bem-sucedido ao longo da sua vida, com seu pequeno negócio ambulante se não houvesse felicidade no que faz? Impossível. As agruras desse trabalho, os problemas do dia-a-dia, a conservação de um produto tão frágil como o pescado, a competição com modernas casas comerciais, com o delivery, as crises econômicas, a mudança nos hábitos dos consumidores, a informática, o supply chain – tudo isso já teria feito o seu Antônio desistir desse business.

Quando sacrificamos felicidade pela competitividade n찾o resistimos ao tempo. Conseguimos 챗xito por algum tempo, mas n찾o conseguimos operar uma vida inteira de forma competitiva. Pois, competitividade pra valer é fazer com amor e paix찾o o seu trabalho. A espetacular Dercy Gon챌alves é uma mulher altamente competitiva. Lutadora! Imagine quantas dificuldades, obstáculos, preconceito a Dercy n찾o precisou enfrentar para continuar, aos seus 90 anos, dando show e sendo altamente respeitada pela sua vida de exemplos?

Procure observar os empresários, executivos, as pessoas que você conhece. Repare que competitividade está sempre ligada a fazer com extrema dedicação e qualidade aquilo que precisa ser feito. Qualidade para a pessoa que ama o que está fazendo não é um certificado, não é um diploma. É amor a si próprio. Ela vai dedicar noites, finais de semana, vai ler mais, ir para congressos, vai estagiar, vai conversar com gente que ela admira na sua área, vai procurar amigos para compartilhar experiências. E, tudo isso, de forma normal, pois felicidade e competitividade estão umbilicalmente ligadas.

A competitividade que opera a desgraça humana, a falta da ética, isso é uma doença. Uma ilusão temporária. Em Harvard, nos Estados Unidos, a escola mais famosa do mundo em administração de empresas, a cadeira de ética foi relançada. Isso foi uma resposta à brutal crise de ética de grandes executivos americanos que ultrapassaram limites, tomando decisões ilegais para beneficiar suas empresas e as ações na bolsa, gerando a falência de enormes corporações internacionais.
Com certeza esses dirigentes não operavam com amor e felicidade à causa das suas empresas, dos seus produtos e serviços, das suas obras. Atuavam num jogo competitivo de ilusionismo nos balanços e na busca de altos rendimentos monetários para si mesmos. Quando a causa não é nobre, o castigo é sempre a certeza da colheita!

A competitividade não é inimiga da felicidade quando existe afinidade e congruência entre a satisfação da pessoa com o trabalho, com o esporte, com a arte e a ciência. Porém, a competitividade fria, não associada às causas, às razões pelas quais um ser humano se dedica, sem dúvida, isso é atestado de infelicidade assegurada, no tempo.

Preste bem aten챌찾o no seu emprego, naquilo que voc챗 estuda, na empresa que voc챗 tem, naquilo que voc챗 gasta seu tempo. Se n찾o lhe trouxer muito prazer, voc챗 n찾o será feliz, e também, n찾o poderá ser verdadeiramente competitivo.

José Luiz Tejon Megido é autor dos livros O V척o do Cisne, O Beijo na Realidade e Lideran챌a para Fazer Acontecer, pela Editora Gente. Professor de MBA de marketing e vendas da ESPM e mestre em educa챌찾o, artes e história da cultura