A UCCLA – União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa – celebrou 25 anos de existência. O quarto de século foi motivo suficiente para um espectáculo em honra, não só do fado, mas principalmente da língua portuguesa: “A viagem do fado”.
A língua portuguesa nas suas diferentes formas. Esta noite, no Tivoli, viu-se o português colocar diferentes máscaras mas sempre com o mesmo rosto. A música, do fado à morna, foi o balanço que embalou os presentes nesta viagem. Das várias vozes ouviu-se Cesária Évora, Amália, Zeca Afonso ou Vinicius de Moraes.
A sala do Teatro Tivoli, em Lisboa, esteve repleta de ilustres já que a ocasião assim o justificava, o 25º aniversário da UCCLA. Embora existissem alguns lugares por preencher, na plateia viam-se os olhos claros de Celina Pereira, o Presidente da Câmara de Lisboa, António Costa e o seu irmão Ricardo Costa, o Presidente da Praia, Ulisses Correia e Silva e o cantor cabo-verdiano Bana, entre outros.
A cicerone de serviço foi a apresentadora brasileira Priscila Sousa da zona de Natal e as hostes da casa foram feitas por Miguel Anacoreta Correia – Presidente da UCCLA – e pelo vice-presidente de Salvador da Baía – Edvaldo Brito. Nas palavras de Anacoreta Correia “[A UCCLA] é um projecto actual, que num momento de crise, mostra como é bom ver a solidariedade entre as cidades que falam português”.
Recordando o seu fundador, Nuno Abecassis, Anacoreta falou do cariz inovador que a criação da UCCLA teve na sociedade das nações da língua portuguesa em 1985. Agora, com “A Viagem do Fado” o objectivo do actual presidente é elevar o fado a património imaterial da Humanidade. Assim, o espectáculo de comemoração foi uma viagem que partiu de Lisboa com o grupo “Alma de Coimbra” que cantaram “Sôdade” de Cesária Évora.
Logo a seguir ao primeiro grupo, Priscila Sousa anunciou a tão desejada viagem, “rumo à música, pelo fado”. A fadista Raquel Tavares foi a primeira voz feminina da noite com uma morna e o fado “Deste-me um beijo e vivi”. Daqui, Pedro Joía, Edu Miranda e a brasileira Luanda Cozetti levaram os presentes até terras de Santa Cruz com “Se por acaso”.
Como nada foi deixado ao acaso, os vestígios portugueses que ficaram na Índia foram resgatados pela goesa Sónia Shirsat com o “Barco Negro” de Amália Rodrigues e por Rão Kyao ao tocar “Povo que lavas no rio” com flauta.Se a língua portuguesa está viva é também porque cada vez mais há gente a falá-la. O rumo d’A Viagem do Fado” levou ao palco o quarteto ucraniano Dzvin e o par de dançarinos Juan e Graciana.
De volta a Lisboa, ouvimos o jovem António Zambujo e duas grandes referências d jazz português: Carlos Martins e Bernardo Sassetti. Momentos de arrepio que levaram à cereja em cima do bolo: Lura. A cantora cabo-verdiana encarnou “De quem eu gosto nem às paredes confesso”, o clássico “Beleza” e, com a ajuda dos presentes, “Na ri na”.
Por fim, Carlos do Carmos, recebeu a língua portuguesa numa casa que conhece bem: o fado. “O fado é sedutor – ouve-se na plateia “É nosso!” – não, é especial”, afirmou Carlos do Carmo, numa última homenagem a Joaquim Campos e a Alfredo Marceneiro, compositores.
Uma noite singular em que o fado foi cantado por todas aqueles que falam português, de Goa a Salvador da Baía.
@Eliana Silva