Maputo (Canalmoz) – A actividade de criação de peixes, moluscos, crustáceos, e o cultivo de plantas aquáticas, tem estado a registar crescimento considerável no continente africano, mas a falta de centros de pesquisa apresenta-se como o principal desafio e constrangimento para o desenvolvimento desta actividade em África, dado que muitos países ainda não dispõem de centros destinados a trabalhos de pesquisa suficientes para estudar os processos de criação. John Moehl, especialista do Fundo da Organização das Nações Unidas (FAO) para Agricultura, recomenda os governos africanos a desenvolver centros de investigação para estudar os processos de produção de mariscos de modo a desenvolver aquacultura com êxito. Moehl falava ontem em Maputo, durante a abertura da 16ª Sessão do Comité da FAO para as Pescas em Águas Interiores e Aquacultura em África, onde participam 38 países de África. A reunião que deverá terminar amanhã (quinta-feira) visa, essencialmente, entre outras acções, desenhar estratégias de harmonização de instrumentos para desenvolvimento da aquacultura. Moehl apelou aos peritos em pesca dos países participantes da reunião a incitarem seus governos a desenharem estratégicas comuns em África para ultrapassarem as dificuldades que assombram esta actividade.
Envolver as comunidades locais
Por sua vez, Gabriel Muthisse, vice-ministro das Pescas, reconheceu que Moçambique também enfrenta os problemas inerentes a investigação nesta área, situação que pode comprometer o avanço desta actividade no país. Segundo o governante, para reverter a situação, está a ser construído em Chókwè, na província de Gaza, um Centro de Pesquisa e Investigação de fenómenos de aquacultura, cujas obras estão avaliadas em cerca de quatro (4) milhões de dólares, e o seu funcionamento está previsto para 2012. Para Muthisse, a construção deste referido centro interessa muito ao Governo “porque o sucesso da actividade depende muito da pesquisa”. “Precisamos estudar os fenómenos de criação de mariscos, para podermos saber em que tipo de água desenvolver melhor um determinado embrião de marisco”, disse o vice-ministro das Pescas. Muthisse disse ainda que para melhorar ainda mais o cenário desta actividade no país está em curso um plano estratégico para envolver as comunidades locais, usando sobretudo as pessoas influentes dessas localidades como referência nesta actividade. “Vamos incentivar os professores bem como os padres a aderirem à actividade de aquacultura ou piscicultura. Sabido que estes são influentes nas zonas rurais, provavelmente a comunidade possa também aderir.”
Sector privado detém grande potencialidade nas pescas
Numa outra abordagem, o vice-ministro das Pescas disse que o sector privado detém uma grande potencialidade no desenvolvimento desta actividade, dado que nalguns casos, apresentam-se com outros meios desenvolvidos para esta actividade. No entanto, a produção pesqueira (a pesca marítima e de água interior bem como a produção de aquacultura), ascende a cerca de 150.000 toneladas anuais de pescado, das quais cerca de 45.000 toneladas é proveniente da aquacultura. Dos vários mariscos que o país produz, o mais exportado é o camarão. A pesca contribui actualmente com 2 % para o PIB, e tem contribuído para a balança comercial com uma média de 75 milhões de dólares por ano. (António Frades)
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