UMA extensa área de floresta tropical da Serra da Gorongosa está a desaparecer a um ritmo acelerado.
Maputo, Quinta-Feira, 18 de Agosto de 2011:: Notícias
Num recente levantamento aéreo daquela floresta, efectuado pelo consultor científico sul-africano Marc Stalmans e por dois fotógrafos da National Geographic, nomeadamente Bob Poole e Joel Sartore, constatou-se que, num período de aproximadamente seis anos, metade da floresta da Serra da Gorongosa, estimada em 67 quilómetros quadrados, foi completamente devastada pela população das aldeias circunvizinhas.
Por um lado, está em causa o cultivo da batata-reno, pela comunidade local, nas encostas da Serra, no posto administrativo de Vunduzi e, por outro, o problema da mineração artesanal de ouro em Canda-Nhamadze, por garimpeiros oriundos de diferentes pontos do país, incluindo estrangeiros.
A destruição do ecossistema da Serra da Gorongosa coloca em risco a biodiversidade existente no Parque Nacional da Gorongosa, por ser nela onde nascem os cursos de água que abastecem o Lago Urema, localizado no interior daquela área de conservação da natureza, que se recupera da destruição sofrida durante o último conflito armado, mercê da intervenção da Fundação Carr e do Governo Moçambicano, através do Ministério do Turismo.
Enquanto a agricultura itinerante em Vunduzi, na Serra da Gorongosa, causa o desmatamento, o garimpo em Canda-Nhamadze é responsável pela degradação florestal e pela contaminação de alguns rios por substâncias químicas tóxicas, tais como o cianeto, zinco e ácido sulfúrico, usadas no processo de extracção de ouro.
A zona onde ocorre o ouro foi recentemente concessionada a operadores chineses que pretendem explorar aquele minério de forma industrial.
Caso não sejam adoptadas medidas de gestão ambiental, a mineração de ouro em Canda-Nhamadze causará impactos negativos, em larga escala, no ecossistema do Parque Nacional da Gorongosa, principalmente sobre os recursos hídricos, acabando por afectar a vida de todas as espécies, animais e plantas, ali existentes.
O desenvolvimento desta e de outras actividades de subsistência, de forma insustentável, na Serra da Gorongosa e seus arredores, contraria os esforços de conservação da biodiversidade no Parque Nacional da Gorongosa, empreendidos pela Fundação Carr e apoiadas pelo Governo.
Refira-se que, em finais do ano passado, o Executivo Moçambicano, através do Decreto número 78/2010 de 31 de Dezembro, alargou os anteriores limites do Parque Nacional da Gorongosa, estabelecidos pelo Diploma Legislativo número 2750, de 6 de Maio de 1967, de modo a aproximá-lo aos limites ecologicamente aceitáveis.
À luz daquele Decreto, a área da Serra da Gorongosa, acima de 700 metros da curva de nível, passou a ser incluída no Parque Nacional da Gorongosa.
O Decreto estabeleceu, ainda, uma zona tampão em redor dos limites do Parque Nacional da Gorongosa, onde são permitidas actividades mineiras, agricultura, pesca artesanal e outras actividades económicas, sem prejuízo do ambiente natural em redor.
CTV
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