O presidente da Comissão Executiva do banco BIC, Luís Mira Amaral, defende que não há qualquer hipótese de contaminação dos maus resultados dos bancos portugueses aos bancos moçambicanos, apesar das participações que os mesmos detêm nas maiores instituições bancárias nacionais.

O responsável fez estas declarações a jornalistas ao fim de uma palestra que dirigiu na capital do país, que tinha como pano de fundo o estágio das economias do espaço lusófono, encontro que contou com a participação de diversas individualidades da arena económico-financeira nacional, com destaque para o governador do Banco Central, Ernesto Gove.

É que os três maiores bancos portugueses, que são, simultaneamente, accionistas maioritários dos maiores bancos comerciais de Moçambique, nomeadamente o Banco Comercial de Portugal - BCP (accionista do Millennium bim), Banco Espírito Santo - BES (accionista do Moza Banco) e Banco Português de Investimentos - BPI (accionista do BCI) registaram prejuízos históricos no exercício económico de 2011, na ordem de 1.098,8 milhões de euros em consequência da crise da dívida a que aquele país ibérico se encontra mergulhado.

Luís Mira Amaral nega que os resultados daqueles bancos possam contaminar as suas representações em Moçambique, dada a sua “forte estrutura de capitais”.

“Não há qualquer efeito de contaminação do resultado dos bancos portugueses às economias angolana e moçambicana. Os bancos portugueses têm estruturas de capitais fortes. Tiveram resultados menos positivos porque a situação económica portuguesa é má e todos os bancos portugueses são vítimas desta situação, mas o facto de terem fortes estruturas de capitais permite acomodarem os prejuízos que tiveram em 2011”, explicou o CEO do banco Bic.

“Apesar dos bancos portugueses terem participações em Angola e Moçambique, economias que estão a crescer, essas participações são estáveis que não têm nada a ver com os resultados menos positivos que os bancos portugueses tiveram. Portanto, não há qualquer contaminação dos prejuízos dos bancos portugueses sobre os bancos de Angola e Moçambique”, repisou.

Prejuízos dos bancos portugueses

Os três maiores bancos lusos fecharam 2011 com um prejuízo histórico de 1.098,8 milhões de euros, após lucros na casa dos 1.040 milhões em 2010.

A imprensa portuguesa indica que a pressão da crise da dívida na Europa, investimento em dívida pública grega, imparidades de crédito, necessidade de reforçar capitais próprios e efeitos da transferência do fundo de pensões dos bancos para a segurança social explicam os prejuízos acentuados naqueles bancos.

As justificações para os piores resultados de sempre para a banca portuguesa são, praticamente, as mesmas para o Banco Comercial de Portugal - BCP (accionista do Millennium bim), Banco Espírito Santo - BES (accionista do Moza Banco) e Banco Português de Investimentos - BPI (accionista do BCI).