A Igreja Católica está apavorada com a onda de assaltos a residências e locais de culto, em particular, na cidade do Maputo. A situação ganhou mais relevo após a morte do padre Valentim Camala, que pertencia à paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus.
http://www.voanews.com/portuguese/news/05_08_2012_moz_church_violence_voa_news-150647185.html
A Igreja Católica está apavorada com a onda de assaltos a residências e locais de culto, em particular, na cidade do Maputo. A situação ganhou mais relevo após a morte do padre Valentim Camala, que pertencia à paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus.
O padre morreu em resultado das agressões sofridas na noite da passada quinta-feira, na sequência de um assalto à paróquia onde servia, localizada no Bairro da Liberdade, a poucos quilómetros da cidade da Matola. Com este facto, a Conferência dos Institutos Religiosos quebrou o silêncio e convocou nesta segunda-feira, uma conferência de imprensa para mostrar a sua indignação, com toda a criminalidade que reina no país.
“Tornamos pública a nossa indignação e o nosso protesto quanto à violência que assola o país de diversas formas, vitimando pessoas inocentes e ceifando vidas. O tráfico de órgãos humanos e de pessoas, a violência sexual, os recentes casos de sequestros, os homicídios, os latrocínios, são das várias faces de violência que tornam o cidadão de bem refém na sua própria terra...”, disse o padre Paulo Nadolny, presidente da Conferência dos Institutos Religiosos em Moçambique.
Segundo dados da própria Igreja Católica em Moçambique, de Janeiro a esta parte, pelo menos dois assaltos a igrejas ou casas de padres ou freiras ocorre, pelo menos duas vezes ao mês.
Rosalia Palickza é uma das irmãs salesianas em Maputo e conta o episódio da última acção dos assaltantes na sua residência.
“Eu e uma outra irmã também fomos assaltadas, há um tempo atrás, por volta as 11 e as 11 e meia da noite, roubaram-nos tudo, deixaram-nos só com uma roupa no corpo e nada mais.”
Sociólogos e teólogos moçambicanos dizem que os assaltos a centros e instituições da Igreja, revela a falta de limites morais que afectam a sociedade nacional.
“ E uma tendência também à dessacralização da vida, quer dizer das entidades, as pessoas passam a não considerar mais sagrados aqueles símbolos, aqueles ícones que outrora eram considerados sagrados. E isso e um fenómeno que também e resultado da própria sociedade e assaltar a casa de um sacerdote ou assaltar a igreja, assaltar a residência de alguém que nos acreditamos que representa Deus por ser porta-voz de Deus, isso mostra realmente que estamos a atingir níveis tão difíceis de crime ou da moralidade.”
A Igreja Católica acusa a Polícia de pouco fazer para a segurança e tranquilidade dos cidadãos. “Queremos chamar atenção ao poder político que tem o dever constitucional de promover e garantir a eficácia de segurança pública ao seu povo e não apenas de forma paliativa, depois dos factos terem ocorridos, mas sim de forma preventiva e investigativa.”
Em conferência de imprensa nesta terça-feira, o porta-voz do Comando Geral da Polícia, Pedro Cossa, disse que a sua corporação está a trabalhar para esclarecer a onda de assaltos que desta vez começa a fazer da Igreja Católica a sua cliente habitual.
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