Milhares de pessoas concentraram-se hoje em Malhazine, arredores de Maputo, para celebrar o 37.º aniversário da independência de Moçambique e 50 anos da Frelimo, mas lamentaram as carências que o país enfrenta.
Envergando predominantemente trajes vermelhos ou brancos, duas das cores da bandeira nacional e da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), militantes do partido no poder aproveitaram o feriado para se juntarem à liderança do Estado e do partido na celebração dos 37 anos da proclamação da independência de Moçambique do jugo colonial português e dos 50 anos da fundação da frente de libertação.
Exposições, barracas de venda de comida e bebida, cânticos e danças, bem como mensagens evocativas da independência e do partido no poder pontuaram as cerimónias centrais da independência, monopolizadas pela Frelimo.
Apesar de ser um dia de festa, com a unanimidade a reinar sobre a dignidade conquistada com o fim do regime colonial em Moçambique, a 25 de junho de 1975, as carências que os 37 anos de independência não conseguiram suprir foram lembradas pelos presentes.
Isabel Trindade, que nasceu sete meses antes da proclamação da independência, lamentou em declarações à Lusa o facto de os benefícios da liberdade serem ofuscados por novos vícios, como a corrupção.
"Os feitos da independência são inquestionáveis, mas há grandes desafios, como o combate à corrupção e à pobreza. Teremos de ir etapa por etapa para vencer esses desafios", afirmou Isabel Trindade, hoje com 37 anos.
Nelson Chongo, 30 anos, apesar de reconhecer que a Frelimo teve o mérito de trazer a independência a Moçambique, lamenta os altos níveis de desemprego no país, principalmente entre os jovens, o maior segmento populacional do país.
"Gostaria que se apostasse mais na questão do emprego, depois de o país ter sido libertado da situação cruel provocada pelo colonialismo", disse Nelson Chongo, que aproveitou a enchente em Malhazine para vender discos de músicos nacionais e de temas sobre a Frelimo.
Uma educação de qualidade, para melhores oportunidades de emprego, é o que Penitência Roque, 19 anos, gostaria de ver acontecer no país, como fruto de um país livre da dominação estrangeira.
"Agora já entendo melhor o significado da independência, porque estou crescida, por isso gostaria que algumas coisas melhorassem, como a qualidade de educação, porque sem uma boa educação não se consegue emprego", observou Penitência Roque.
Como tem sido hábito, as celebrações do dia da independência foram marcadas pela ausência dos dois principais partidos da oposição, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que contestam a excessiva partidarização das datas comemorativas oficiais pela Frelimo.
@Lusa
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