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HISTORIA: Portugal e os cinco escudos mouros
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De: vylma  (Mensaje original) Enviado: 17/08/2009 14:09
Portugal e os cinco escudos mouros

Ocupando uma pequena faixa de terra à beira do Oceano Atlntico, ligada ao resto da Europa pelas vias do mar, Portugal nos começos da Idade Média estava distante de tudo e de todos. Tanto assim, como prova da desolação e solidão em que se encontrava, os romanos denominavam a região um pouco mais ao norte do rio Douro, a Galícia de hoje, da qual Portugal se desprendeu, como Finis Mundi, o fim do mundo. Conquistou o seu lugar no mapa enfrentando, entre outros, a gente do Islã.

Os marcos da emancipação


Escudos e castelos dos mouros (Escudo de Portugal)
Foi lutando contra os mouros numa longa guerra étnica e religiosa que Portugal, por fim, se instituiu como nação independente no século XII. Digna o bastante para também fazer frente ao poder de Castela. Os principais marcos deste processo emancipador, que se prolongou ainda por quase 250 anos, foram alcançados pela vitória de D.Afonso Henriques na batalha de Ourique, em 1139, seguida da conquista de Lisboa, em 1147, e, finalmente, na derrota que o rei D.João I, e seu capitão-mor D.Nuno Álvares, infringiu aos castelhanos em Aljubarrota, no ano de 1385.

Todavia, no universo das demonstrações simbólicas é significativo o fato da bandeira de Portugal ostentar por largos séculos no seu centro, como troféu de guerra, presos à esfera amiliar, os cinco escudetes árabes, as cinco quinas como os portugueses preferem dizer.

Segundo a lenda que alimenta a formação do reino, eles, os escudos, representavam os reis mouros derrotados por D.Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, no grande combate de Ourique, travado no dia 25 de julho de 1139, dia de Santiago Mata-mouros (*).

Além disso, na mesma bandeira, afixados ao redor do escudo central, encontram-se ainda as gravuras dos sete castelos que lembravam as conquistas dos reis portugueses das fortalezas almorávidas do Algarve. O que significa que entre os seus dois formidáveis inimigos, o castelhano ao leste e o mouro ao sul, os lusos celebravam por primeiro e de modo mais importante a vitória sobre os últimos, os seus figadais inimigos do Islã.

(*) Ou ainda, segundo outra versão, os escudos representavam as cinco chagas de Cristo, que em pessoa, acompanhado por anjos, teria aparecido nas proximidades da tenda do rei em Ourique para assegura-lhe a vitória no dia seguinte, no episódio conhecido como "o milagre de Ourique".

As peculiaridades da Reconquista




Durante quatro longos séculos a metade do território atual de Portugal submetera-se à conquista dos mouros. Em 712, um filho e lugar-tenente do general berbere El Tárik, que um ano antes havia atravessado o estreito de Hércules (depois Gibraltar) para desembarcar na Espanha e derrotar os visigodos, chamado Abdelaziz ibn Musa, ocupou o sul do país, denominado por eles como Al-Gharb ("ocidente", em árabe, o atual Algarve).

Dali foi subindo em direção a embocadura do Tejo, assentando-se no antigo povoado de Lisboa, denominado por eles em Al-Ushbuna, sendo que a partir de 740 a cidade ficou subordinada ao Califado de Córdoba. Foi exatamente a presença dos mouros, rivais da Cristandade, que fez com que a nobreza guerreira da região espicaçada pela presença da bandeira do Crescente, unisse suas forças para enfrentá-los.

Superados os problemas internos do Condado Portucalense, depois de uma curta guerra civil que D.Afonso Henriques teve que travar contra sua própria mãe, a condessa Teresa, entre 1128-29, o chefe cristão lançou-se na dura faina de expulsar os infiéis. A grande ocasião parece ter-lhe chegado de maneira inesperada quando teve que sair em socorro a um grupo de súditos dele que havia feito uma incursão, um fossado diziam eles naquela época, em território inimigo.

Os cristãos haviam acampado em Ourique, distante de Lisboa, a espera dos préstimos do conde. A batalha parece ter-se dado em seguida, com arrasadora vitória portuguesa sobre Ali ibn Yusul, emir almorávida. O que fez com que mais tarde se cunhasse a expressão "o milagre de Ourique", para enfatizar o fato prodigioso de tão poucos cristãos terem imposto tamanha derrota aos do Islã (**). O desdobramento político dela foi que D.Afonso, até então apenas um conde cristão, tomou a peito proclamar-se rei de Portugal, o primeiro deles.

(**) Muitos séculos depois, sentindo o sopro do Iluminismo com sua aversão aos milagres, Alexandre Herculano provocou grossa polêmica com seus conterrneos ultraconservadores, pois na sua famosa obra "História de Portugal", aparecida em 1843, não fez menção nenhuma à batalha de Ourique resultar de um milagre como até então se difundira nos livros de história do reino.


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De: vylma Enviado: 17/08/2009 14:10
Portugal, fronte das Cruzadas



Pesou favoravelmente a intenção dos condes e reis portugueses em ampliar o território em direção ao sul, afastando o domínio muçulmano, o fato de, desde os finais do século XI, a Europa cristã estava mobilizada numa Guerra Santa contra o Islã. Em 1095, num concílio em Clermont-Ferrant, no sul da França, o papa Urbano II havia pregado a necessidade dos cavaleiros europeus cessarem com suas desavenças internas e embarcarem numa campanha para a recuperação dos Lugares Santos em Jerusalém, profanados pela presença de turcos recém-conversos ao Corão.

Como as esquadras carregadas com guerreiros santos navegavam pelas costas lusitanas, especialmente as que se desferravam dos portos atlnticos ingleses, flamengos, normandos e franceses, necessitando de reparos e repouso no longo caminho até alcançar o Levante, lançavam ncoras em logradouros de Portugal, como era o caso do o Porto (sede do Condado Portucalense), na embocadura do rio Douro. Não tardou que os chefes portugueses convencessem os cruzados que por lá passavam a ajudá-los na luta contra os mouros.

Assim procedeu D.Afonso Henriques e tantos outros mais. Prometiam aos cavaleiros e à soldadesca desembarcada compartilhar com eles os despojos tomados dos árabes que lhes caíssem nas mãos. Desta forma, bem antes deles traçarem armas com os infiéis na Terra Santa, eles se exercitavam combatendo a mourama que estava na península Ibérica.

Para muitos cavaleiros europeus, a parada em Portugal tinha o sabor de um treino mais pesado antes do enfrentamento final contra o Islã. Nada além de experimentar as espadas nos costados dos árabes da Ibéria, como uma espécie de prévia do que os aguardava lá longe. Além disso, o saque piedoso obtido em Portugal lhes rendia um bom proveito, fazendo com que eles não chegassem nas proximidades da manjedoura de Cristo com as mãos abanando.

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De: vylma Enviado: 17/08/2009 14:10
O sítio e a queda de Lisboa

Lisboa, no século XI, já fazia mais de quatrocentos anos que era um sitio dos mouros quando o rei D.Afonso Henriques decidiu-se por tomá-la. A ocasião lhe favoreceu em vista da chegada de mais uma arremetida de cruzados, liderados por quatro condestáveis, vindos de outras partes da Europa e que, como sempre ocorria, tinham desembarcaram no o Porto.

Entretanto, segundo o testemunho de um cavaleiro inglês, um tal de "R", em relato enviado ao seu amigo Osberto Bawssey, que deixou uma viva narrativa dos fatos que conduziram à queda de Al-Ushbuna, nada indicava uma predisposição inicial dos cristãos em tomá-la de assalto. Segundo ele foi uma expedição de um bando de cruzados para os lados de Almada, um areal situado na beira do Tejo, para abastecer-se com uns peixes, e os incidentes que se seguiram, quem precipitou o ataque final à cidade, posta a sitio desde o mês de julho.



Vindos do lado norte, atravessando o rio num vão apropriado, os cruzados – a coligação de ingleses, normandos, flamengos, franceses e colonianos (da cidade alemã de Colônia), comandados pelo condestável Saério de Archelle, em conjunto com os combatentes portugueses de D.Afonso – avançaram sobre Lisboa na segunda metade do mês de outubro de 1147. Para apavorar ainda mais os mouros, mostraram-lhes de longe, antes de devolvê-las, as 80 cabeças decapitadas dos muçulmanos mortos um pouco antes numa refrega.

Para melhor efetivarem o assédio, os cristãos logo trataram de construir uma torre de onde pudessem arremeter contra os cimos dos muros inimigos. Como parece que os mouros haviam sido pegos de surpresa com o cerco, estocando assim pouco alimento, redundou que a fome da população assustada facilitou a rendição da cidade, acertada no dia 22 de outubro de 1147, depois de três dias de embates violentos.

No conciliábulo feito fora dos muros entre os chefes ocidentais (Fernão Cativo em nome do rei luso e Hervey de Glanville o condestável dos ingleses e normandos), com os representantes muçulmanos, ficou acertado que, em troca da vida e da futura liberdade, os lisboetas mouros entregariam todas as riquezas públicas e privadas aos conquistadores, sem haver necessidade deles submeterem as residências à pilhagem.

Acordo inútil, visto que quando a soldadesca cristã adentrou pelos portões de Lisboa no dia 25 de outubro, deu-se a invasão das casas dos mouros, tivessem eles ou não, entregado tudo. Mesmo assim, o clima de festa cristã não foi empanado.

Respuesta  Mensaje 4 de 4 en el tema 
De: vylma Enviado: 17/08/2009 14:12
A entrada festiva em Lisboa




à frente da procissão de ocupação, pois, descreveu o cavaleiro inglês, ia o arcebispo e os outros bispos com a bandeira da Cruz do Senhor e a seguir entram os nossos chefes juntamente com o rei e os que para este efeito tinham sido escolhidos:

Oh! Quanta não foi a alegria de todos! Oh! Quanta não foi a honra especial que todos sentiam! Oh! Quantas não foram as lágrimas que afluíam em testemunho de alegria e de piedade, quando todos viram colocar no mais alto da fortaleza o estandarte da Cruz salvífica em sinal de sujeição da cidade, para louvor e glória de Deus e da santíssima Virgem Maria. O arcebispo e os bispos com o clero e todos os outros, não sem lágrimas de júbilo, cantavam o Te Deum laudamus com o Asperges me e orações de devoção.


Lagos, ponta-de-lança da conquista portuguesa do mar oceano.
Os portugueses, todavia, tiveram que traçar armas com os mouros por mais de um século depois da tomada de Lisboa, quando finalmente, com a espada de D.Afonso III, conquistaram Loulé, Aljezur e o porto de Faro, situado bem ao sul do país, no ano de 1249. Desde então, com os soberanos proclamando-se rei de Portugal e do Algarves, o território lusitano manteve a mesma dimensão. Lagos, por sua vez, porto algarvio, tornou-se mais tarde, nos tempos do infante D.Henrique, na plataforma da expansão náutica de Portugal.

Se havia algum consolo aos muçulmanos derrotados e expulsos de Al-Ushbuna foi saber que pouco menos de dois anos depois, nas distantes terras da Síria, o principado cristão de Antioquia, até então em mãos do Conde de Edessa Raimundo de Poitiers, havia sido recuperado por Nur ed-Din, o atabeg de Alepo, vitorioso na batalha de Inab, travada no dia 29 de junho de 1149, encerrando assim com a Segunda Cruzada (1147-49). De certo modo, nesta perpétua luta entre mouros e cristãos, a perda de grande parte de Portugal pelo Islã foi compensada pela reconquista por eles da Síria.

Bibliografia

Barbosa, Pedro Gomes - CONQUISTA DE LISBOA, 1147 -A Cidade Reconquistada aos Mouros, Lisboa: Tribuna ("Batalhas de Portugal"), 2004.

Conquista de Lisboa aos Mouros em 1147. Carta de um Cruzado inglês que participou nos acontecimentos, apres. e notas de José da Felicidade Alves, Lisboa, Livros Horizonte («Cidade de Lisboa, 4»), 1989.

Conquista de Lisboa aos Mouros (1147) Osberno, trad. de José Augusto de Oliveira, pref. de Augusto Vieira da Silva, Lisboa, Cmara Municipal de Lisboa, 1935 (2.ª ed., 1936);

Henriques, António Castro - CONQUISTA DO ALGARVE, DE 1189 A 1249.
O Segundo Reino. Lisboa
: Tribuna («Batalhas de Portugal»), 2003.

Herculano, Alexandre – História de Portugal. Lisboa: Aillaud & Bertrand, 8 volumes.1914.

Saraiva, José Hermano – História concisa de Portugal. Lisboa: Publicações Europa-América, 1978.


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