Na Idade Média, Renascença e século XX
Na Idade Média, Renascença e século XX
Coube ao trovador francês Benoit de Saint-Maur, inspirado numa antiga Crônica Troiana escrita por dois autores gregos Dares e Dictis, compor , por volta de 1160, um longo poema intitulado Le roman de Troie
(O romance de Tróia), com quase 30 mil versos em pares, dando uma
conotação feudal à história do cerco e da conquista da cidade de
Príamo. Poema que terá enorme difusão nas cortes daquela época.
Seguindo na trilha de explorar temas da decorrentes da Guerra de Tróia, o escritor italiano G. Boccacio escreveu Il Filostrato, em 1335, e G. Chaucer, o patriarca das letras inglesas, compôs um belíssimo poema de 8 mil versos intitulado Troilus and Criseyde, entre 1372-1386, fonte direta em que W.Shakespeare, já na Renascença inglesa, iria beber para compor a sua peça The History of Troylus and Cresseid”,
de 1603. Um drama leve, no qual a situação difícil de Tróia serve
apenas de pano de fundo para uma historia de amor não correspondido
entre Troilo, um dos filhos do rei Príamo, e a bela Criseida.
No século XX, será o escritor irlandês James Joyce quem, inspirando-se
na Odisséia de Homero, irá escrever “Ulisses”, de 1922, romance
paradigmático da literatura modernista contempornea. A épica de Homero
ainda ajudou a Derek Walcott, um escritor do caribe britnico, a ganhar
o Prêmio Nobel de Literatura em 1992 com seu poema Omeros, de 1990.
As ruínas polêmicas de Tróia
Desde que as primeiras escavações foram feitas no monte
Hissarlik, há bem mais de um século atrás, ocasião em que, entre 1871 e
1890, Henrich Schliemann, o primeiro e maior arqueólogo da Alemanha,
revelou ao mundo os seus estupendos achados arqueológicos, as ruínas da
antiga cidade de Tróia e seus tesouros (das nove Tróias sobrepostas
encontradas, a VII teria sido a destruída por uma guerra) não cessaram
de provocar intensas discussões e batalhas verbais entre os arqueólogos
e demais especialistas e estudiosos.
Originalmente a Escola
Helenística Ortodoxa, de estudiosos ingleses e germnicos,
desconsiderava a possibilidade de Tróia ter algum dia existido.
Atribuíam tudo à fantasia de um grande poeta. A Escola dita Romntica,
todavia, sempre manifestou-se pela existência da cidade de Príamo,
dando credibilidade total à narrativa de Homero.
A mais recente delas, dessas refregas de arqueólogos, apelidada pela imprensa alemã de a Nova Guerra de Tróia,
ocorrida no primeiro semestre de 2002, envolveu dois acadêmicos
respeitados: o dr. Manfred Korfmann, que há anos faz pesquisas em
Hissarlik, e seu colega Frank Kolb, um professor de História Antiga,
ambos docentes da Universidade de Tubinga.
Korfmann anunciara que “Tróia
foi muito importante naquela época. Não só existia a cidade-fortaleza
(acrópole) como também haviam os bairros baixos da cidade, que
abarcavam uns 270 mil m². Portanto, Tróia era várias vezes maior do que
a fortaleza conhecida até agora de 11 mil m².” Devido a sua situação geográfica, ela “ocupava uma posição chave como mediadora entre Ocidente e Oriente”. Tese que originalmente fora sustentada pelo filósofo Hegel, morto em 1831, que nunca pôs os pés naquela região.
Kolb acusou-o de tirar conclusões precipitadas, quando não irreais, das
escavações e achados feitos recentemente. Para ele, a Tróia que a
arqueologia revelara era um estabelecimento de “terceira classe”,
estando bem longe de merecer os adjetivos grandiosos usados por
Korfmann, tal como haver descoberto uma “Nova Grande Tróia”. Todavia,
dando seguimento as escavações, a tese de Korfmann viu-se reforçada
pelos novos achados que parecem assegurar que o perímetro de Tróia era
bem mais amplo do que se imaginou originalmente.
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