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SAUDE: HANSENÍASE
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De: NATY-NATY (Mensaje original) |
Enviado: 28/10/2009 21:24 |
HANSENÍASE
Definição
Doença infecciosa e altamente contagiosa de evolução crônica, não hereditária, típica de países subdesenvolvidos, sendo que na Europa e em alguns países desenvolvidos a doença esta erradicada. A evolução da doença depende da imunidade celular específica contra o bacilo de Hansen. É uma doença que tem sua evolução lenta e insidiosa, a primeira manifestação clínica é uma mancha que evolui até chegar a uma perda progressiva da sensibilidade dolorosa e tátil. A Hanseníase não mata mas se não for tratada, causa incapacidade e deformações físicas.
No Brasil a hanseníase é uma doença em ascensão, sendo considerada pela Saúde Pública como um grave problema, sendo os estados da Bahia, Pernambuco e Piauí os que tem registrados índices sete vezes maior que o tolerado pela OMS (Organização Mundial de Saúde). A doença é considerada endêmica nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, e está quase controlada e/ou eliminada nas regiões Sul e Sudeste. O Ministério da Saúde atualmente trata a doença como prioridade, sendo o programa de combate a doença considerado um dos melhores do mundo. O tratamento no Brasil é completamente gratuito e suficiente para todos os doentes, sendo que não existe vacina específica para a doença.
Sinonímia
É uma doença também conhecida pelos seguintes nomes:
- Leontíase.
- Lepra (atualmente este termo está sendo substituido por hanseníase).
- Mal de Hansen.
- Mal-da pele.
- Mal-de-Lázaro.
- Mal-do-sangue.
- Morféia.
Histórico
O bacilo de Hansen foi descoberto por Gerhard H. A Hansen, em 1868, em Bergen, na Noruega. É considerada historicamente uma das doenças mais antigas do homem datando de 1400 AC, sendo chamada antigamente de lepra que significa escamoso em grego. Quase todas as doenças de pele que deixavam marcas profundas na pele antigamente eram chamadas de lepra. Atualmente é reconhecida oficialmente pelo nome de Hanseníase.
Epidemiologia
É uma doença endêmica que ocorre em vários países da África, Ásia, Caribe e América Latina. A OMS calcula aproximadamente 12 milhões de doentes em todo o mundo. Os países em que mais ocorre casos de hanseníase são: Índia, Brasil, Nigéria, Myanmar e Indonésia, sendo que a Índia e país que tem maior número de doentes.
Agente etiológico
Mycobacterium leprae ou Bacilo de Hansen; bacilo álcool-ácido-resistente; parasita intracelular obrigatório; família Mycobateriaceae; ordem Actinomycetales; classe Schizomycetes.
Fisiopatologia
Quando o Bacilo de Hansen penetra no organismo humano, segue através da corrente sanguínea ou linfática e se multiplica nos gnglios linfáticos, depois atinge a pele e pela corrente sanguínea, alcança o Sistema Nervoso Periférico (SNP), tendo preferência pelas células do sistema retículo-endotelial, os histiócitos (células de Schwann). Na maioria dos casos as lesões e manifestações neurais antecedem as lesões cutneas.
Incidência
- Tem maior incidência na África, depois Ásia, sendo que no Continente Americano o Brasil é o país com o maior número de casos.
- O Brasil ocupa atualmente o 5º lugar de casos no mundo.
- Mundialmente ocorrem mais de 500 mil novos casos por ano, sendo que no Brasil são diagnosticados mais de 35 mil casos anualmente.
- A maioria dos casos ocorre entre pessoas de baixa renda e de baixa escolaridade.
- Ocorre mais em homens do que em mulheres.
- 80% da população mundial tem uma resistência natural à doença, segundo a OMS.
- Os casos ocorrem em média entre os 30 e 40 anos de idade.
- O limite normal, considerado pela OMS para a hanseníase é de um caso em cada dez mil pessoas saudáveis.
Fonte de infecção
O homem quando é portador das formas clínicas Virchowiana e Dimmorfa, pois somente essas formas são transmissíveis.
Reservatório
O homem.
Período de incubação
É uma doença com um período de incubação longo em média de 3 a 6 anos. Há referência a períodos mais curtos (7 meses) como também de períodos mais longo (10 anos).
Período de transmissibilidade
A transmissibilidade é alta enquanto persistir a presença dos bacilos em indivíduos não tratados, sempre nas formas Virchowiana e Dimorfa.
Transmissão
A principal forma de contágio é inter-humana, sendo maior o risco de contágio, a convivência domiciliar com o doente, quanto mais íntimo o contato mais probabilidade de adquirir a doença.
- Direta: através das vias aéreas superiores (saliva, muco nasal), contato de lesões e contato de mucosas de doentes multibacilares, pode ainda ser transmitida pelo leite materno, esperma, suor e lágrimas.
- Indireta: objetos contaminados pelos doentes.
- Principal via de entrada são as vias aéreas superiores, a partir de secreções respiratórias de pacientes bacilíferos.
Fatores Predisponentes
- subalimentação;
- miséria e pobreza;
- sistema de saúde ineficiente;
- subdesenvolvimento;
- moléstias debilitantes;
- imunossupressões induzidas (transplantados);
- imunossupressões adquiridas (AIDS).
Formas Clínicas
São quatro as formas clínicas da doença:
Caracteriza-se por mácula hipocrômica e/ou eritematosa, hipoestesicas, única ou em pequeno número, limites indefinidos, geralmente são anestésicas. Não há comprometimento de troncos nervosos, não ocorrendo por isso problemas motores ou sensitivos que possam originar incapacidades físicas. O teste de Mitsuda pode dá positivo ou negativo. A baciloscopia é negativa.
Caracteriza-se por máculas hipocrômicas, hipoestésicas com limites imprecisos; após um tempo essas placas se transformam em lesões sólidas nodulares, papulosas; ocorre queda de cílios e supercílios (madarose). Essas lesões cutneas podem infeccionar e ulcerar. Comprometimento de troncos nervosos periféricos e de mucosas, com perda da sensibilidade, podendo ocorrer lesões viscerais, dermatológicas e de mucosas. Teste de Mitsuda é negativo. A baciloscopia é positiva.
Caracteriza-se por placa única ou placas pouco numerosas, eritematosas, violáceas, bordas elevadas de limites externos nítidos, edemaciadas, pigmentadas, uniformemente infiltradas, papulosas, sem pelos, ocorrendo perda de sensibilidade. Tem preferência peça região plantar, palmar e facial A baciloscopia é negativa.
Caracteriza-se por lesões pré-foveolares (eritematosas planas com o centro claro); lesões foveolares (eritematosas infiltradas com centro deprimido); llimites indefinidos, bastante numerosas, eritematosas, rosea-violácea, pigmentada, polimorfas, bordas internas nítidas. Teste de Mitsuda geralmente é negativo. A baciloscopia é positiva.
Obs: As diferenças entre os tipos são determinadas pelo tipo e extensão das lesões, presença de bacilos nas lesões, Reação de Mitsuda positiva ou negativa,, evolução e contagiosidade e a histologia das lesões cutneas. Em todas os tipos da hanseníase os nervos periféricos são atacados evoluindo para o comprometimento de todo o tronco nervoso, com paralisia de grupo musculares, deformidades e amiotrofias.
Sinais e sintomas
- manchas claras, pálidas ou avermelhadas insensíveis a picada e ao calor, que podem vir combinadas com nódulos, bolhas, pápulas, ocorrendo em qualquer parte do corpo;
- entupimento constante no nariz, resultando em feridas, sangramentos súbitos e odor fétido;
- aparecimento de caroços ou inchaços no rosto, cotovelos, orelhas e mãos;
- redução ou ausência de sensibilidade ao calor, frio, dor ou ao tato;
- ausência de enrugamento da fronte parestesias;
- neurite;
- rinite;
- artralgias;
- artrite;
- madarose;
- alopecia;
- pele seca e descamativa;
- lesões nos lábios, palato duro, palato mole;
- insensibilidade, dor e cãimbras nos pés e mãos;
- feridas, calos ou bolhas nos pés com pele ressecada;
- sensação de estar com areia nos olhos, visão embaçada, dificuldade de fechar os olhos ou um olho está piscando mais que o normal;
- rouquidão;
- manifestações nervosas;
- acentuado espessamento do nervo grande auricular no pescoço.
Diagnóstico
- Anamnese.
- Exame clínico.
- Exame físico.
- Exame dermatológico (para avaliar formas clínicas da hanseníase).
- Exame neurológico (para avaliar a sensibilidade e o comprometimento dos nervos periféricos).
- Exame oftalmológico.
- Exames laboratoriais.
- Pesquisa da sensibilidade.
- Pesquisa de BAAR.
- Prova da Histamina.
- Exame de cultura de material coletado.
- Teste de Mitsuda (não tem valor diagnóstico, somente prognóstico).
- Exame histopatológico (biopsia).
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Prova de pilocarpina ou da acetilcolina (teste da sudorese). O exame consiste em pincelar sobre a lesão suspeita tintura de iodo; repetir em outra área da pele normal sem suspeita, se possível simétricamente; injetar nas duas áreas intradermicamente a solução de pilocarpina em dois ou mais pontos; enxugar imediatamente as gotículas que aparecem nos pontos de inoculação; após bem seca pulverizar amido nas duas áreas; aguardar 5 minutos; na área da pele normal ou em lesões não hansênicas aparecerá pontos de coloração azul-escuro, resultante da combinação entre o amido e o iodo, provocada pela sudorese; na lesão hansenótica o amido não muda de coloração, por ausência de sudorese.
Tratamento
- Específico: existe tratamento medicamentoso para essa patologia.
- Multidrogaterapia (MDT) padronizada pela OMS.
- Poliquimioterapia (PQT) padronizada pela OMS.
- Analgésicos e antiinflamatórias sob restrita prescrição médica.
- Calor úmido.
- Quando a doença compromete mãos e braços, deve-se evitar carregar objetos pesados, crianças de colo; por causa do risco de não aguentar o peso.
- Quando a doença compromete pés e pernas, o paciente deve ficar em repouso, andar calçado só se for necessário.
- Usar sempre óleos ou cremes para evitar o ressecamento da pele.
- O paciente deve ser tratado em um ambiente tranquilo e limpo.
- Tratamento cirúrgico em alguns casos é necessário.
- Medidas fisioterapêuticas pode ser necessário.
- Suporte psicológico, porque sendo uma doença incapacitante que causa deformidades e alterações degenerativas irreversíveis, o temor a vergonha e o estigma pode afetar também o psico-social do doente.
- O paciente deve ser informado sobre os efeitos colaterias das medicações.
Obs: A OMS recomenda que o tratamento seja feito com drogas associadas dependendo da carga bacilar do paciente, sendo que os pacientes devem ser separados em dois grupos distintos:
- Paucibacilares (poucos bacilos): duração mínima de 6 meses até no máximo de 9 meses. Tratamento mais rápido.
- Multibacilares (muitos bacilos): duração mínima de 24 meses, até no máximo de 36 meses. Tratamento mais longo.
O tratamento será 100% eficiente se for feito corretamente do início até o fim. Na primeira dose do tratamento, 99% dos bacilos são eliminados sem o risco de contaminação, sendo que o paciente que está em tratamento não transmite a doença.
Complicações
- Eritema nodoso hansênico.
- Sequelas neuromusculares.
- Osteoporose.
- Mutilações e amputações de extremidades.
- Deformidade e alterações degenerativas irreversíveis.
- Osteomielite.
- Afrouxamento ou perda dos dentes incisivos superiores.
- Glomerulonefrite.
- Glaucoma e cegueira.
Sequelas
- Diminuição da fertilidade masculina.
- Ginecomastia.
- Garra fixa de dedos e artelhos.
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Comprometimento do quadro motor pode levar a um quadro do tipo paralítico-amiotrófico, com localização eletiva nas extremidades distais dos membros. Nos MMSS pode ocorrer os seguintes comprometimentos: mão em garra, mão pendular, mão simiesca. Nos MMII é frequente a marcha escarvante.
- Desabamento do nariz ( comprometimento do arcabouço cartilaginoso do nariz e consequente alteração de sua forma).
- Áreas anéstesicas.
- Mutilações dos MMII.
- Comprometimento da laringe ( rouquidão, alteração da voz ou dificuldade de respirar por lesão da glote).
- Paralisia facial.
- Úlceras e lesões.
- Lagoftalmio (imposibilidade de fechar o olho por paralisia da pálpebra, quase sempre a inferior).
- Cegueira.
- Cicatrizes.
- Mal perfurante plantar.
- Incapacidade física.
- Madarose.
- Reabsorção óssea.
Profilaxia
Medidas Sanitárias
- Notificação Obrigatória às Autoridades Sanitárias:
- se o tratamento é ambulatorial, deve seguir as medidas de prevenção para não ocorrer contaminação nos interdomiciliares;
- educação Sanitária ao público;
- campanhas preventivas para diagnóstico precoce;
- vigilncia dos comunicantes intradomiciliares;
- vacinação dos intradomiciliares com vacina BCG intradérmica como forma de prevenção.
Medidas Individuais
- cuidados para prevenir deformidades físicas;
- cuidados básicos de higiene pessoal;
- prevenção das deformidades físicas através de calçados especiais, palmilhas, aparelhos dorsiflexores;
- qualquer mancha ou alguma lesão suspeita ou que perde a sensibilidade deve ser investigada pelo médico.
Obs: O diagnóstico precoce juntamente com o tratamento é o meio mais seguro de combater a Hanseníase.
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