Arte almóada
O retorno à austeridade mais extrema conduziu, inclusive de modo mais rápido que no caso dos seus predecessores, os Almorávidas, a um dos momentos artísticos de maior esplendor (ver arte almorávida), de maneira particular na arquitetura. A arte almóada continuou a estela almorávida, consolidando e aprofundando nas suas tipologias e motivos ornamentais. Construíam com os mesmos materiais: azulejos, gesso, argamassa e madeira. E mantiveram, como suporte, os pilares e os arcos utilizados no período anterior.
As suas mesquitas seguiram o modelo da mesquita de Tremecém, com naves perpendiculares ao muro da gibla. Nelas foi potenciado um esquema em "I" mediante a utilização de cúpulas que são de mucarnas na mesquita de Tinmal e na de Qutubiyya de Marrocos. Caracterizam-se pela sua planta quadrada e a sua altura composta por duas torres, uma delas abriga outra e, entre ambas, discorre uma escada ou rampa, como no caso da Giralda de Sevilha. A torre interior é formada por estncias abobadadas e superpostas que terão a sua repercussão posterior nas construções de outras torres-campanário mudéjares, especialmente nas edificadas em Aragão.
A arquitetura palaciana introduz os pátios cruzados que já haviam feito a sua aparição em Medina al-Zahra, mas que é, nestes momentos, quando adquirem o seu maior protagonismo. Seu melhor testemunho fica representado no Alcázar de Sevilha, no qual foi conservado o pátio da casa de Contratação e outro, atualmente subterrneo, conhecido como o Jardim Cruzado ou Banhos de dona María Padilla. Este esquema seria aplicado, assim mesmo, nos pátios násridas e mudéjares. Outra novidade aparece no Pátio do Geso do Alcácer de Sevilha, e terá uma grande repercussão. Consiste na colocação de pequenas aberturas ou janelas cobertas com gelosias de estuque que dão acesso a uma estncia e que permitem, deste jeito, a sua iluminação e ventilação.
A arquitetura militar experimenta um enriquecimento tipológico e perfeiciona-se a sua eficácia defensiva, que teria grande transcendência, até mesmo para o mbito cristão. Aparecem complexas portas com cotovelos a fim de os atacantes, ao avançar, deixar um dos seus flancos ao descoberto; torres poligonais para desviar o ngulo de tiro; torres albarranas separadas do recinto murado mais unidas a ele pela parte superior mediante um arco, o qual permite aumentar a sua eficácia defensiva a respeito de uma torre normal, como a Torre del Oro de Sevilha; muros reforçados que discorrem perpendiculares ao recinto murado com objeto de proteger uma tomada de água, uma porta, ou evitar o cerco completo; barbacãs ou antemuros e parapeitos ameados.
No terreno decorativo aplicaram um repertório caracterizado pela sobriedade, a ordem e o racionalismo, o que se traduz na aparição de motivos amplos que deixam espaços livres nos quais triunfam os entrelaçados geométricos, as formas vegetais lisas e o mais novo: a sebqa. Outra decoração arquitetônica que aparece neste minarete e na mesquita de Qutubiyya, é a cermica, na que é aplicada a técnica do alicatado; é dizer peças recortadas que, combinadas entre si, compõem um motivo decorativo. Em outras ocasiões estas manifestações artísticas unem o caráter ornamental com o funcional.
As obras de arte desta época estão pior representadas por causa da confusão existente entre os diferentes períodos artísticos. É o que ocorre, por exemplo, com os tecidos, que não se distinguem facilmente dos mudéjares: acusam uma prática ausência de motivos figurativos enquanto que aumenta a decoração geométrica e epigráfica a base da repetição insistente de palavras árabes como "bendição" e "felicidade". Enquanto elementos metálicos, destacam-se os aguamanis, que representam figuras de animais decoradas com incisões vegetais cinzeladas.