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FILOSOFIA: O bem e o mal na filosofia
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De: NATY-NATY  (Mensaje original) Enviado: 07/11/2009 18:23
 

O bem e o mal na filosofia


Em crise, conceitos polarizados perderam sua essência universal entre os homens e a sociedade


POR CLEBER BAESSA MESTRINER*


 

Heráclito de Éfeso
Por volta de 490 a.C., escreveu uma obra que seria intitulada anos depois como "Sobre a Natureza", da qual existem mais de 100 fragmentos que explicam o título de "Obscuro". Considerado por especialistas um pensador pré-socrático importante e influente, formulou de forma definitiva a questão em torno da unidade permanente do ser diante da pluralidade e mutabilidade das coisas transitórias.

A filosofia é, desde sempre, o ambiente de encontro dos mais variados pensamentos. Ela é a indústria da criação e da modificação dos conceitos, e um conceito é aquilo que determina o modo como interpretamos qualquer acontecimento. Necessitamos deixar claro que não é a filosofia quem diz algo sobre alguma coisa. A filosofia não diz nada, ela se cria a partir do que é dito por aqueles que com competência têm o privilégio de serem os transmissores dos mais elevados modos de aparição do ser, do não ser e do devir, sempre isso expressado em forma de discurso.

É desde a antiguidade que os sábios se ocuparam com as vias do pensamento, gravando na história um processo de desenvolvimento ininterrupto da arte de interpretação. Os conceitos de Bem e Mal estão essencialmente circunscritos nesse processo histórico de meditação pensante. Bem antes da era cristã, vislumbramos estudiosos que se detinham com esses conceitos. Não é possível, contudo, em um curto espaço de tempo, identificar todos os que se envolveram com a questão do Bem e do Mal. Traçaremos um perfil histórico, digase de passagem, bastante resumido, da relação conceitual entre Bem e Mal.

PRÉ-SOCRÁTICO

Encontramos no pensamento de dois présocráticos as duas linhas do desenvolvimento pensante que desejamos apresentar aqui para os conceitos de Bem e Mal. Em Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.), propriamente não está dito que o Mal seja o ser das coisas. Mas está dito que a natureza se comporta de apenas um modo, a maneira da discórdia: "É preciso saber que o combate é o-que-é-com, e justiça [é] discórdia, e que todas [as coisas]vêm a ser segundo discórdia e necessidade." Isso que Heráclito diz ser o-que-é-com podemos entender como o caráter comum de tudo o que é. O caráter comum, portanto, é a discórdia, o combate, conceitos que podemos aproximar ao conceito Mal, porém, ainda não podemos identificá-los nem confundi-los com este, justamente porque não está aqui expressa nenhuma oposição entre discórdia e bem. Por isso, ainda não é possível associar o conceito discórdia com o conceito Mal. Essa discórdia que é o caráter comum de tudo ainda não pode ser entendida como nenhuma maldade. Uma outra perspectiva de pensamento, diferente dessa proclamada por Heráclito, encontramos em Parmênides de Eleia (530-460 a.C.). E este diz: "Necessário é o dizer e pensar que [o] ente é; pois é ser; e nada não é." Parmênides atribui como caráter comum de todas as coisas o Ser. Uma coisa só pode Ser; não sendo, apenas não é. Aqui podemos fazer o mesmo que fizemos com Heráclito, porém, com o conceito oposto, o bem. Ainda assim não encontramos nenhuma bondade. Podemos aproximar o Ser ao Bem, mas ainda não podemos identificar um com o outro.



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