Revolução de Fevereiro (1917)
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O mais severo programa de Russificação, chamado de "o segundo período de opressão 1908–1917" pelos finlandeses, foi interrompido em 15 de março de 1917 com a deposição do Czar russo Nicolau II. A razão imediata para o colapso do Império Russo foi uma crise doméstica precipitada por derrotas contra a Alemanha e pela exaustão de guerras por parte do povo russo. As causas mais profundas da revolução são atribuídas a colisão entre as políticas do regime mais conservador da Europa e a necessidade de modernização política e econômica através da industrialização. O poder do Czar foi transferido para a Duma russa e um Governo Provisório, que nesta época possuía uma maioria de direita.[11]
A autonomia foi devolvida aos finlandeses em março de 1917, e a revolta na Rússia conferiu ao parlamento finlandês poderes políticos reais pela primeira vez. A esquerda era composta principalmente por social-democratas, cobrindo um vasto espectro, de moderados a socialistas revolucionários; a direita era ainda mais diversa, abrangendo de liberais e conservadores moderados a elementos direitistas radicais. Os quatro principais partidos eram os dois antigos partidos Fennoman, o conservador Partido Finlandês e o Partido Jovem Finlandês, incluindo tanto liberais e conservadores; a social-reformista e centrista Liga Agrária, que conseguia apoio primariamente de camponeses com fazendas de pequeno a médio porte; e os conservadores Partido Popular Sueco, o qual buscava reter os direitos da minoria falante do sueco.
Os finlandeses enfrentaram uma interação ruinosa de luta por poder e colapso da sociedade durante 1917. No começo do século XX, o povo finlandês se manteve no cruzamento entre o antigo regime de estamento e a evolução para uma sociedade moderna. A direção e objetivo deste período de mudança agora havia se tornado um assunto de intensa disputa política, que eventualmente transbordou, criando o conflito armado devido a fraqueza do estado finlandês. Os social-democratas almejaram reter os direitos políticos já alcançados e estabelecer influência sobre o povo. Os conservadores estavam receosos que fossem perder seu poder social e econômico por tanto tempo mantido.[12]
O Partido Social Democrata havia conseguido uma maioria absoluta no Parlamento da Finlndia como resultado das eleições gerais de 1916.[13] O novo Senado era formado pelo social-democrata e líder sindicalista Oskari Tokoi. Seu gabinete do Senado compreendia em seis representantes dos Social-Democratas e seis de partidos não-socialistas. Em teoria, o novo gabinete era uma coalizão ampla; na prática, com os principais grupos políticos indispostos a ceder e os políticos mais experientes se mantendo fora disso, o gabinete provou ser incapaz de solucionar qualquer grande problema local finlandês. O poder político real foi deslocado, ao invés, às ruas na forma de reuniões em massa, protestos, organizações de greve, e os conselhos de rua formados por trabalhadores e soldados após a revolução, todos os quais serviram para enfraquecer a autoridade do estado.[14]
O rápido crescimento econômico estimulado pela Primeira Guerra Mundial, a qual havia elevado a renda dos trabalhadores industriais durante 1915 e 1916, ruiu com a Revolução de Fevereiro, e a consequente diminuição na produção e economia levaram ao desemprego e alta inflação. Greves em larga escala tanto na indústria quanto na agricultura se propagaram por toda a Finlndia, os trabalhadores exigindo salários mais altos e limite de trabalho de oito horas por dia. A suspensão das importações de cereais da Rússia havia gerado falta de alimentos no país; como resposta, o governo introduziu racionamento e fixação de preços. Entretanto, um mercado negro se formou no qual os preços para alimentos continuaram a subir bruscamente, o que era um grande problema para as famílias de trabalhadores desempregados. Suprimento de alimentos, preços, e o medo de fome se tornaram problemas políticos emocionais entre fazendeiros na zona rural e trabalhadores industriais nas áreas urbanas. O povo comum, com seus medos explorados pelos políticos e pela mídia política, tomou as ruas. Apesar da falta de comida, fome em larga escala não atingiu os finlandeses no sul da Finlndia antes da guerra. Fatores econômicos continuaram como um fator de sustento na crise de 1917, mas somente uma parte secundária na disputa por poder no Estado.[15]