Comunalismo experimental
Imagem da comunidade experimental New Harmony baseada na proposta de
Robert Owen.
Em 1825 nos Estados Unidos, Josiah Warren participou da comunidade experimental pensada po Robert Owen chamada New Harmony, que desapareceu alguns poucos anos depois devido a conflitos internos. Em 1827, com New Harmony desintegrada, ele retornou a Cincinnati. Como Kenneth Rexroth escreveu, "quase todos os críticos de New Harmony disseram que ela havia falhado pela falta de uma liderança forte, disciplina e comprometimento. Warren chegou a conclusão exatamente oposta."[12] Warren condenou a falta de soberania individual da comunidade como o motivo principal do fracasso da experiência. Ele se esforçaria ainda para organizar outras comunidades anarquistas como a Utopia e a Modern Times.
Reunindo colonos vindos de França no Rio de Janeiro no ano anterior, inspirado na teorias de Fourier, em 1842 o Dr. Benoit Jules Mure se dirige à margens da Baía de Babitonga, perto da cidade histórica de São Francisco do Sul com o objetivo de iniciar aquela que ficaria conhecida como a primeira experiência libertária do hemisfério sul, o Falanstério do Saí ou Colônia Industrial do Saí. A experiência duraria poucos anos devido ao despreparo de seus componentes e incapacidade de coesão que resultou em um grupo à frente do qual estava Michel Derrion. Este constituiria outra colônia a algumas léguas do Saí, num lugar chamado Palmital: a Colônia do Palmital. No entanto, ambas experiências não prevaleceriam.
Mais de quarenta anos depois, em 1889 um grupo articulado por esforço do agrônomo-veterinário Giovanni Rossi se engajaria em uma nova experiência de comunalismo experimental. No municipalidade de Palmeira, no interior do Paraná eles dariam forma a uma comunidade baseada nos princípios libertários do cooperativismo, do anticlericalismo e na negação de outras instituições tradicionais como a hierarquia, o matrimônio e a família nuclear: esta fora denominada Colônia Cecília em referência a um dos romances previamente escritos por Rossi. Apesar desta experiência também ter sido de curta duração, seu impacto no imaginário foi tremendo tanto no Brasil como na Itália. Canções e livros foram escritos inspirados nesta experiência que seria rememorada por mais de cem anos entre os anarquistas.