África e o Império Colonial Português (1822-1975)
Após a perda do Brasil, com a independência em 1822, Portugal teve de enfrentar as potências europeias para conservar o resto do seu fragmentado Império: as ilhas de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe, a Guiné continental, as costas da Angola e de Moçambique, as possessões portuguesas nas Índias, Macau e Timor.
Em 1842 Portugal pôs fim ao tráfico negreiro no Império e em 1869 aboliu a escravidão. Esta decisão foi rapidamente contrabalançada por uma legislação trabalhista insistindo na necessidade do trabalho indígena nos campos de algodão ou nas obras públicas. Este trabalho forçado tornou-se numa das características do sistema colonial português ao mesmo título que a «missão civilizadora» até ao fim dos anos 1950 do século XX. Além de serem obrigados ao trabalho e ao pagamento de impostos, as pessoas afectadas, até 1961, pelo estatuto legal de «indígenas» estiveram excluídas da categoria de cidadãos ao qual pertenciam os africanos «integrados» e os colonos europeus.
No final do século XIX, com o crescente interesse das potências europeias por África, tornou-se claro que Portugal deveria também definir uma nova política africana, já que a crescente presença inglesa, francesa e alemã no continente ameaçava a tradicional hegemonia portuguesa.
Predominando em Portugal a visão colonial baseada no "direito histórico" alicerçado na primazia da ocupação, Portugal reclamou vastas áreas do continente africano, entrando em colisão com as restantes potências.
A partir da década de 1870 ficou claro que o direito histórico não seria suficiente e que a presença portuguesa dependia do alargamento para o interior das possessões reclamadas.
Nesse contexto, a Sociedade de Geografia de Lisboa[15] organizou uma subscrição para manter "estações civilizadoras" na zona de influência portuguesa no interior do continente, numa ampla faixa que ligava a costa à contra-costa, de Angola a Moçambique. Nascia assim o chamado Mapa Cor-de-Rosa.
Para sustentar as reivindicações constantes no mapa cor-de-rosa foram planeadas explorações ao interior da África, que levaram às famosas expedições de Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto, entre 1877 e 1885, que mapearam e estudaram o território.
Na Conferência internacional de Berlim (1884–1885), convocada para dirimir os múltiplos conflitos e fixar as zonas de influência de cada potência em África, Portugal perdeu o controlo da foz do rio Congo para Leopoldo II da Bélgica e voltou-se para as terras interiores da Angola e do Moçambique, empreendendo nestas terras várias campanhas de «pacificação».
A expansão colonial africana terminou com o Ultimato britnico de 1890: sob pressão dos Reino Unido Portugal teve de retirar-se e abandonar as suas pretensões nos territórios entre Angola e Moçambique.[16]
Em 1911, após o fim da monarquia, emprestando dos britnicos um método de administração indirecta, mas também influenciados pelos franceses, os republicanos deram às suas possessões d'além-mar o nome de colónias, às quais se adicionam uma certa autonomia financeira e administrativa, moderadas entretanto pelo Acto Colonial centralizador de 1930.
A partir de 1946, como forma política de evitar que Portugal fosse considerado uma potência colonial nos fóruns internacionais, e na esperança de preservar um Portugal intercontinental, o Estado Novo passou a designadar as colónias por províncias d'além-mar ou províncias ultramarinas, considerando que esses territórios não eram colónias, mas sim parte integrante e inseparável de Portugal, como uma "Nação Multirracial e Pluricontinental"..[17]