[editar] América do Sul
Glaciar Perito Moreno, um dos poucos que mantêm tamanho estável na última década.
Grande parte das populações humanas em redor dos Andes centrais e meridionais na Argentina e Chile, reside em áreas que são dependentes da água fornecida por glaciares em fusão. A água destes glaciares alimenta também os caudais dos rios em alguns dos quais foram construídas barragens para produção hidroeléctrica. Alguns investigadores crêem que em 2030 muitas das grandes calotas de gelo das zonas mais elevadas dos Andes terão desaparecido, se as actuais tendências climáticas se mantiverem. Na Patagónia, na ponta sul do sub-continente, as grandes calotas de gelo recuaram 1 km desde o início da década de 1990 e 10 km desde finais do século XIX. Foi também observado que que os glaciares da Patagónia estão a recuar a uma velocidade maior que a dos glaciares de qualquer outra região do mundo.[54] O campo de gelo do norte da Patagónia perdeu 93 km² de área glaciar durante os anos compreendidos entre 1945 e 1975 e 174 km² entre 1975 e 1996, o que indica que a velocidade de recuo está em crescimento. O campo de gelo do sul da Patagónia exibe uma tendência geral de recuo em 42 glaciares, enquanto quatro se encontram em equilíbrio e dois em avanço, considerando os anos compreendidos entre 1944 e 1986. O maior recuo verificou-se no glaciar O'Higgins, que durante o período 1896-1995 recuou 14 km.
O glaciar Perito Moreno com 30 km de extensão total é um dos principais glaciares de descarga da calota de gelo patagónica, bem como o mais visitado nesta região. O Perito Moreno encontra-se actualmente em equilíbrio, mas sofreu oscilações frequentes no período 1947-1996, com um ganho líquido de extensão igual a 4.1 km. Este glaciar avançou desde 1947, e mantém-se estável desde 1992. O glaciar Perito Moreno é um dos três glaciares patagónicos que se sabe terem avançado, enquanto são centenas os que se encontram em recuo.[55][56]
[editar] Regiões polares
Apesar de estarem próximos de e de serem importantes para populações humanas, os glaciares de vale e de montanha das regiões tropicais e das médias latitudes constituem apenas uma pequena fracção do gelo glaciar existente na Terra. Cerca de 99% do gelo de água doce encontra-se nos mantos de gelo polares e subpolares da Antárctida e Gronelndia. Estes mantos de gelo contínuos e de escala continental, com 3 km ou mais de espessura, cobrem grande parte das superfícies continentais polares e subpolares. Como rios fluindo de um enorme lago, numerosos glaciares de descarga transportam o gelo das orlas dos mantos de gelo para os oceanos.
Nesta ilha-nação do Atlntico Norte encontra-se Vatnajökull, a maior calota de gelo da Europa. O Breiðamerkurjökull é um dos glaciares de descarga de Vatnajökul, tendo recuado 2 km entre 1973 e 2004. No início do século XX o Breiðamerkurjökull estendia-se até 250 m do oceano, mas em 2004 o seu ponto terminal havia recuado 3 km em direcção ao interior da ilha. Este recuo do glaciar expôs uma lagoa em rápida expansão pejada de icebergues originados na frente daquele. Esta lagoa tem 110 m de profundidade e quase duplicou o seu tamanho entre 1994 e 2004. Apenas um dos glaciares de descarga de Vatnajökull (num total de aproximadamente 40 glaciares designados por nomes próprios) não se encontrava em recuo em 2000.[57] Na Islndia, entre 34 glaciares estudados entre 1995 e 2000, 28 encontravam-se em recuo, quatro encontravam-se estáveis e dois encontravam-se em avanço.[57]
As ilhas canadenses do Ártico têm várias calotas geladas de grande dimensão, incluindo as calotas de Penny e Barnes na ilha Baffin, a calota de Bylot na ilha Bylot e a calota de Devon na ilha de Devon. Todas estas calotas encontram-se em adelgaçamento e recuo lentos. A calotas de Penny e Barnes têm perdido espessura à razão de cerca de 1 m/ano nos seus pontos de menor elevação entre 1995 e 2000. Em termos globais, entre 1995 e 2000, as calotas geladas no Ártico canadiano perderam 25 km³ por ano.[58] Entre 1960 e 1999, a calota de Devon perdeu 67 km³ de gelo, sobretudo devido à perda de espessura. Todos os principais glaciares de descarga ao longo da margem oriental da calota de Devon recuaram 1 km desde 1960.[59] No planalto de Hazen da ilha Ellesmere, a calota de Simmon perdeu cerca de 47% da sua área desde 1959.[60] Se as condições climáticas actuais se mantiverem, o restante gelo glaciar do planalto de Hazen terá desaparecido por volta de 2050. Em 13 de Agosto de 2005 a plataforma de gelo Ayles com 66 km² de extensão separou-se da costa norte da ilha de Ellesmere, flutuando em direcção ao Oceano Ártico.[61] Esta separação seguiu-se à partição da plataforma de gelo Ward Hunt em 2002. A plataforma de gelo de Ward Hunt perdeu 90% da sua extensão no último século.[62]