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FILOSOFIA: O período decadente e o cristianismo
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De: NATY-NATY  (message original) Envoyé: 13/12/2009 21:58
O período decadente e o cristianismo

Alguns paralelos nos permitem compreender a decadência do Império Romano e o êxito do cristianismo.
O fim das fronteiras regionais do mundo antigo é o helenismo, a expansão do modus vivendi grego imposto ao resto do mundo conhecido, através das conquistas de Alexandre Magno (séculos III e II a.C.). Embora a desintegração deste império se dê mais rápido ainda que a sua constituição, o fato é que ele tinha aberto uma nova compreensão do mundo, mais universalista e etnocêntrica, provocando profundas crises e transformações. Os romanos irão na esteira do império helênico. Mas cabe ressaltar aqui, que com Alexandre, as cidades gregas perdem sua autonomia, são obrigadas a pagar pesados impostos e têm seus exércitos e funções administrativas básicas subordinadas aos grupos ligados ao "conquistador".

Vendo frustradas as possibilidades políticas, a democracia corrompida pela tirania, a pólis destruída pela força, aliadas ao cada vez maior intercmbio comercial e com influências do Oriente helenizado, o grego desenvolve um retorno ao misticismo, o que geralmente ocorre em épocas de crise, ao mesmo tempo que cria um tipo de sentimento de pessimismo e justificação, resistência e negação da realidade em que vive. Isso explicaria os diversos movimentos de idéias e seitas morais que surgem nesta época (séc. II a.C.), nas diversas cidades gregas: o ceticismo, o epicurismo e o estoicismo. A "polis" grega percebe o seu fim e o cidadão grego volta-se para seu próprio interior, para si mesmo, descrente e indefeso diante da enormidade do Império e da fatalidade histórica da dominação e perda da liberdade política. Descrente dos deuses, da mitologia e dos heróis, descrente da "polis", da Justiça e do Bem, da filia política e da própria Filosofia, o grego volta-se para a sua natureza interior. Já não pesquisa o princípio da natureza (physis), ou o princípio da realidade. Refugia-se no misticismo e num conceito de "indivíduo" exigindo que esta síntese lhe proporcione a felicidade pessoal que compense a perda da liberdade política. O grego deste período quer tornar-se auto-suficiente, realizar em si o ideal da autarkéia, a completa autonomia e despojamento individual. Já não se sente um cidadão de uma determinada pólis, da qual antes se orgulhava; ao contrário, quer desprender-se de todos os laços familiares, religiosos ou que pertençam a uma determinada cidadania. Esta filosofia têm em comum um retorno ao ideal do sábio, como homem universal, cidadão do mundo, sem qualquer característica particularizante ou "nacional".

O ceticismo prega a indiferença teórica e prática. O ideal sábio será a completa e absoluta imperturbabilidade, o despojamento total e o domínio das "paixões internas" até atingir a ataraxia. Os céticos desenvolvem um sentimento de relativização de tudo, tanto para com os usos e costumes, a moral, como para o próprio Conhecimento. Epicuro (séc. II a.C.) prega o Ateísmo, o universalismo (o ideal do homem sem pátria) o individualismo, mas de uma maneira ainda mais explícita do que os céticos. Não há deuses nem Verdades pelas quais se deva viver ou morrer. O ateísmo e a descrença é, para ele, condição de felicidade humana. O que deve fazer o Homem, segundo Epicuro? Fugir de todo sofrimento, paixão e perturbação (páthos). O homem deve viver para buscar o Prazer. Contudo é preciso observar que este conceito de "prazer" em Epicuro não é o de "libertinagem" como nos apresentou a historiografia filosófica criada pela Igreja. O prazer epicurista tem uma conotação racional, o prazer é a contemplação absoluta, a serenidade e a fuga de todo sofrimento. Epicuro aconselha a "fugir da política e da religião que só provocam ilusões e sofrimento", como já dissemos anteriormente.

Epicuro liberta o homem da fatalidade cíclica grega. Faz do homem senhor de sua própria conduta e lhe dá a responsabilidade de conquistar a sua ataraxia individual (Eudaimonia). Já os Estóicos radicalizaram estas características: todos os homens podem ser sábios desde que dediquem-se às virtudes. O principal meio de se conseguir a imperturbabilidade é viver de acordo com a Razão. O sábio estóico deve abandonar a família, condição social, pátria, raça, etc… e por-se na busca na Sabedoria que é viver de acordo com a reta razão. O que identifica a todos os homens é que todos são portadores da razão e estão aptos à vivência da Virtude e Perfeição, cidadãos do mesmo Cosmos.

É também conhecido o episódio de Diógenes Laércio, que anda pelas ruas da cidade procurando, de vela acesa na mão e durante o dia, "um Homem", numa atitude ferozmente crítica que demonstra a decadência do ideal grego de Homem, seja guerreiro, atleta ou legislador. Há um sentimento de descrédito e pessimismo, próprio de épocas de crise. Se nos aventurássemos pelo terreno da história teríamos muitos outros elementos a acrescentar: a grande massa de escravos gerada pela conquista, o sincretismo cultural entre os povos dominados, as tensões dos grupos dominantes e o modo de impor seu modelo cultural e social e as tantas formas de resistência, etc. Limitamo-nos porém, ao nível das idéias que, embora não sejam mero reflexo das contradições econômicas, estão imbricadas no processo. Contudo, nossa compreensão não é linear nem causal, e a forma desta compreensão obedece a um critério metodológico.

Vimos que as filosofias do chamado período decadente já estabelecem duas bases fundamentais da posterior síntese cristã: o universalismo e a interioridade. Estas filosofias demonstram que o cidadão grego e depois romano procuravam numa interioridade abstrata o refúgio e a compensação ou satisfação daquilo que a realidade já não lhe proporcionava. Um outro elemento que pode ter provocado e difundido este espírito universalista é o uso da língua grega tornada comum e popular, a Koiné. Este uso será fator de maior sincretismo ainda entre os povos colonizados pelos dois grandes impérios. Junte-se a isto as diversas seitas místico-filosóficas das quais destacamos o neoplatonismo. Plotino prega a libertação do corpo, propõe o ideal do Bem Supremo como objeto de Amor e o Uno (Nous) como demiurgo do Universo. O Objeto da "alma humana" é fundir-se a este "deus filosófico" pela contemplação e êxtase. Para Plotino, que será depois assimilado por Santo Agostinho, a filosofia já não é mais uma pesquisa sobre o mundo (pré-socráticos) ou sobre o homem e a pólis (Sócrates); nem ainda a prática cívico-poética (Aristóteles), mas sim a aceitação de uma realidade divina e providente, da qual todos fomos gerados por emanação. Deste monismo emancionista grego ao monoteísmo semita, ao Deus pai e providente é uma faísca.



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