[editar] Dissipação artificial
Nas décadas de 1960 e 1970, o governo dos Estados Unidos tentou enfraquecer os furacões através do Projeto Stormfury por semear tempestades selecionadas com iodeto de prata. Pensava-se que a semadura causaria a sobrefusão nas bandas de tempestade externas a congelar, causando a parede do olho interna a colapsar e deste modo reduzir os ventos.[64] Os ventos do furacão Debbie – um furacão semeado no Projeto Stomfury – caíram mais de 30%, mas Debby recuperou sua força após as duas semaduras, fortalecendo-se após cada ataque. Num episódio anterior, em 1947, um desastre aconteceu quando um furacão a leste de Jacksonville, Flórida, mudou sua trajetória rapidamente após ter sido semeado e atingiu Savannah, Geórgia[65] Como havia muita incerteza sobre o comportamento destas tempestades, o governo federal dos Estados Unidos não iria mais aprovar operações de semeadura até que o furacão ter uma chance inferior a 10% de fazer landfall dentro de 48 horas, reduzindo grandemente o número de tempestades em que fosse possível realizar testes. O projeto foi retirado depois que foi descoberto que os ciclos de substituição da parede do olho ocorrem naturalmente em furacões fortes, lançando dúvidas sobre os resultados das tentativas anteriores. Hoje, sabe-se que a semeadura por iodeto de prata não tem, provavelmente, efeito, pois a quantidade de água em sobrefusão nas bandas de chuva do ciclone é muito baixa.[66]
Outros meios foram sugeridos ao longo do tempo, incluindo o esfriamento das águas sob um ciclone tropical por rebocar icebergs até as águas trópicas.[67] Outras idéias vão desde a cobertura dos oceanos com substncias que inibem a evaporação[68] soltando grandes quantidades de gelo no olho nos primeiros estágios de desenvolvimento (de modo que o calor latente é absorvido pelo gelo, em vez de ser convertido em energia cinética que alimentariam a retroalimentação positiva)[67] ou explodir o ciclone com armas nucleares.[69] O Projeto Cirrus tinha como objetivo jogar gelo seco em um ciclone.[70] Todas estas tentativas sofrem de uma falha acima de muitas outras: ciclones tropicais são simplesmente muito grandes para qualquer técnica de enfraquecimento ser prática.[71]
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Ciclones tropicais em mar aberto causam grandes ondas, chuvas e ventos fortes, perturbando a navegação internacional e, às vezes, provocando naufrágios.[72] Ciclones tropicais causam a agitação no mar, deixando um rastro de água fria atrás deles,[24] que deixam a região menos favoráveis para ciclones tropicais posteriores. Em terra, ventos fortes podem danificar ou destruir veículos, edifícios, pontes e outros objetos, transformando detritos soltos em projéteis voadores mortais. A Maré de tempestade, ou o aumento no nível do mar devido ao ciclone, é titpicalmente o pior efeito de ciclones tropicais que fazem landfall, resultando historicamente em 90% das mortes provocadas por ciclones tropicais.[73] A grande rotação de um ciclone tropical em landfall e os ventos de cisalhamento em sua periferia, gera tornados. Tornados podem ser gerados como um resultado dos mesovórtices da parede do olho, que persistem até o momento do landfall.[74]
Nos dois últimos séculos, os ciclones tropicais têm sido responsáveis por cerca de 1,9 milhão de mortes em todo o mundo. Grandes áreas de água parada causadas pela enchente levam a infecções, bem como doenças provocadas por mosquito. A lotação de desabrigados em abrigos aumentam o risco da propagação de doenças.[75] Ciclones tropicais causam danos significativos a infra-estruturas, levando a interrupção do fornecimento de eletricidade, a destruição de pontes e dificultam os esforços de reconstrução.[75][76]
Embora ciclones tropicais matem muitas pessoas e causem danos a bens pessoais, podem ser fatores importantes no regime de precipitação de lugares em que afetam, pois podem trazer a precipitação muito esperada para regiões secas.[77] Ciclones tropicais ajudam também no equilíbrio de calor mundial por mover ar tropical morno e úmido para latitudes médias e regiões polares. [78] A maré ciclônica e os ventos dos furacões podem ser destrutivos à construções, mas podem agitar a água dos estuários costeiros, que são normalmente importantes para os locais de reprodução de peixes. A destruição por ciclones tropicais incentiva o redesenvolvimento, aumentando grandemente os valores das propriedades locais.[79]
[editar] Observação e previsão
[editar] Observação
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Vista das bandas de tempestade do
furacão Isidore durante o pôr-do-sol fotografada a 2,1 km de altitude.
Ciclones tropicais intensos representam um desafio particular de observação, pois são fenômenos ocenicos perigosos, e estações meteorológicas, sendo relativamente escassas, raramente estão disponíveis na localização da própria tempestade. Observações na superfície estão geralmente disponíveis se a tempestade estiver passando sobre uma ilha ou uma área costeira. Normalmente, medidas em tempo real são tomadas na periferia do ciclone, onde as condições são menos catastróficas e a sua força real não pode ser avaliada. Por esta razão, há equipes de meteorologistas que vão para a trajetória da tempestade para ajudar na avaliação de sua força no local do landfall.[80]
Ciclones tropicais distantes da costa são seguidos por imagens de satélites no canal visível e infravermelho do espaço, normalmente em intervalos de meia hora ou de quinze minutos. Assim que uma tempestade se aproxima de terra, ele pode ser observado por radares Doppler baseados em terra. Os radares têm um papel crucial no momento perto do landfall porque mostram a localização da tempestade e a intensidade a cada vários minutos.[81]
Medições in situ, em tempo real, podem ser tomados pelo envio de vôos de reconhecimento especialmente equipados para o ciclone. Na bacia do Atlntico, estes vôos são feitos regularmente por caçadores de furacões do governo dos Estados Unidos.[82] Os aviões usados são o Hercules WC-130 e o Orion WP-3D, ambos equipados com quatro turbopropulsores. Estes aviões voam diretamente no ciclone e tomam medições diretas e de sensoriamento remoto. O avião lança também dropsondes equipados com GPS no interior do ciclone. Estas sondas medem a temperatura, umidade, pressão, e especialmente ventos entre a altitude do voo e a superfície do oceano. Uma nova era na observação de ciclones tropicais começou quando uma aerosonda pilotada remotamente, um pequeno avião-robô, foi pilotado através da tempestade tropical Ophelia assim que a tempestade passava sobre a costa leste de Virgínia durante a temporada de furacões de 2005. Uma missão similar também foi completada com sucesso no Oceano pacífico noroeste. Isto demonstrou um novo meio de investigar as tempestades em baixas altitudes onde pilotos humanos raramente atrevem-se a adentrar.[83]
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Por causa das forças que afetam a trajetória de ciclones tropicais, previsões precisas de trajetórias dependem na determinação da posição e da força de áreas de alta e de baixa pressão e em prever como aquelas áreas irão se comportar durante o período de existência de um sistema tropical. O fluxo de camada profunda ou a média de ventos através de toda a altura da troposfera é considerada a melhor ferramenta para determinar a direção da trajetória e a velocidade. Se as tempestades estão sendo afetadas por ventos de cisalhamento, o uso das medições da velocidade do vento em baixas altitudes, tal como à pressão atmosférica de 700 hPa (3.000 metros acima do nível do mar), irá produzir previsões mais precisas. Meteorologistas de tempo tropical também consideram a própria trajetória da tempestade em curto prazo para determinar uma trajetória em longo prazo mais precisa.[84] Computadores de alta velocidade e softwares de simulação sofisticados permitem aos meteorologistas a produzir modelos de computador que prevêem a trajetória de ciclones tropicais baseados na posição futura e na força dos sistemas de alta e baixa pressão. Combinando-se os modelos de previsão com um aumento no entendimento das forças que agem em ciclones tropicais, bem como na abundncia de dados de satélites meteorológicos e outros sensores, os cientistas têm aumentado a precisão das previsões de trajetórias nas décadas recentes.[85] No entanto, os cientistas estão menos habilidosos em predizer a intensidade de ciclones tropicais.[86] A falta de melhoria em previsões de intensidade é atribuída à complexidade dos sistemas tropicais e num entendimento incompleto de fatores que afetam seu desenvolvimento.
[editar] Classificações, terminologia e nomes