O fascismo
O fascismo é um tema recente que gera muita discussão, é muito comum atribuir-se àqueles que ascenderam ao poder (Hitler, Mussolini, Franco, Vargas) toda a responsabilidade histórica dos eventos que aconteceram em seus países. É importante lembrar que as massas não foram simplesmente manobradas nesses casos, tiveram seu papel, de modo que, sob certo ponto de vista, um conjunto enorme de indivíduos praticava a violência indiretamente, quando era permitida pelo Estado. O símbolo do fascismo italiano era o fascio romano, que ilustra bem a relação entre povo e poder: um feixe de varas unido fortemente num cabo que formava uma espécie de machado, símbolo da autoridade (o machado) apoiada sobre o povo (as varas).
A franca recuperação alemã no tempo de Hitler encorajou sua população a acreditar na culpabilidade dos judeus. Na chamada Noite dos cristais (Kristalnacht) – um episódio marcante de violência de massas – o impulso inicial foi dado pela atribuição de culpa a um judeu (por um atentado ao diplomata alemão Ernst vom Rath, em Paris), mas o resultado pode ter ido além das expectativas do governo; milhares de lojas e casas de judeus foram destruídas. (Veja também: pogroma)
Crê-se que um dos fatores que possibilitou a manutenção do estado nazista foi fundamentalmente a violência, pois assim que esta declinava (como na concessão feita pela Inglaterra e França após a invasão da Tchecoslováquia) o estado buscava novas agressões, novas aventuras. A própria Itália utilizou-se da violência na política externa ao invadir a Etiópia.
A aniquilação do judeu (bem como do cigano, do negro e de qualquer população "não-ariana") na Alemanha nazista não se limitava ao aspecto de violência física: Joseph Goebbels incentivava a queima pública de livros e trabalhos pretensamente judeus; cientistas foram expulso e humilhados, pintores foram mandados para campos de concentração. Em 1943 houve uma grande destruição de cerca de 500 obras de arte, na França, entre as quais figuravam trabalhos de Pablo Picasso, Max Ernst e Paul Klee. Assim a violência cultural ressurgiu entre os nazistas com aspectos que muito lembravam, pela irracionalidade, a Idade Média.
O episódio nazista é interessante ainda pela solução dada a ele: não houve uma rejeição popular ao regime nazista, não houve uma reflexão interna capaz de considerar repugnante aquilo. Ao invés, houve uma incapacitação (do exterior) para a continuidade do regime – a aniquilação das forças do país. Deste modo a Alemanha não "exorcizou" o nazismo por si, embora o tenha feito (em grande parte) durante os anos seguintes à Segunda Guerra Mundial.